terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O REINO DE VALDECACOS

A globalização mundial, fenómeno que desde há uns anos a esta parte, tem tido seguidores fervorosos e detractores militantes, é uma realidade, e o nosso reino de Valdecacos apesar de isolado e esquecido neste nordeste peninsular, não escapou ao fenómeno e pelas piores razões.
A crise financeira que começou no poderoso reino da América do Norte, atravessou o Atlântico e o Pacifico como uma enorme e contaminante mancha de óleo, provocando incomensuráveis perdas nos mercados bolsistas da Ásia e da Europa, levando ao desmoronar do sistema financeiro donde o dinheiro desapareceu como que por magia, tendo os governos de todos os reinos que injectar biliões e biliões, para tentar salvar um sistema arruinado pelas asneiras feitas pelos ricos, com a finalidade última de que os pobres não ficassem ainda mais pobres. Ironia das ironias!!!
A uma época de dinheiro fácil, de acesso ao crédito por telefone, de automóvel a prestações, de vá de férias e pague depois, de compre casa e logo se verá, estamos agora no reverso da medalha, com as famílias endividadas, em situação de completo sufoco financeiro, incapazes de cumprirem contratos assinados e em risco de ficarem sem nada.
Os empresários de construção civil e obras públicas do reino de Valdecacos, que na sua esmagadora maioria foram e são um suporte do poder instituído (porque será?) e que vêm as obras particulares a diminuírem mais de noventa por cento por causa da crise, andam abalados uns, de orelha murcha outros, com a corda na garganta outros ainda e outros mais encerraram a actividade. Como consequência de tudo isto os operários de construção civil, praticamente a única força de trabalho e de consumo de todo o reino de Valdecacos, pois excluindo estes, apenas restam muitos velhos e algumas crianças, deixaram de fazer compras em estabelecimentos, de frequentar cafés e restaurantes e imigraram muitos deles. Esta autêntica bola de neve está a ter consequências terríveis na economia do reino. Está pois na altura dos empresários de construção cobrarem do governo do reino o apoio dado ao longo dos anos, exigindo tratamento preferencial nas obras públicas de Valdecacos.
Outra situação incontornável e que terá certamente influência no mundo inteiro, é como não podia deixar de ser o acto eleitoral ocorrido no reino da América do Norte e da vitória retumbante e portadora duma mensagem de mudança e de esperança, do Visconde do Illinóis Dom Barraca Abana. Num país em que a abolição da escravatura provocou uma guerra civil, num país em que os direitos cívicos dos negros eram brutalmente desrespeitados, num país em que o famoso e barbaramente assassinado activista dos direitos cívicos Martin Luther King fez o famoso discurso “I have a dream”, que significa “eu tenho um sonho”, sonho esse que eu tenho a certeza irá ser cumprido pelo novo presidente eleito Dom Barraca Abana. A eleição dum negro, dum Afro-americano, para governar o reino mais poderoso do mundo, é uma lição de democracia, representa a esperança do mundo inteiro e demonstra uma poderosa vontade de mudança. As expectativas são enormes, não nos devemos todavia esquecer que foi eleito apenas um governante e que os povos não devem acreditar em salvadores ou messias. Tal como ele próprio disse no discurso da vitória, “a estrada que temos pela frente é longa” e “a montanha que temos de subir é íngreme”. Nestes tempos conturbados os povos de todo mundo têm os olhos postos neste homem. Oxalá ele contribua para a paz e para o desenvolvimento do seu reino e de todos os outros.




PS: tenho a certeza absoluta assim como os meus caros leitores terão também, que se o Visconde do Illinóis Dom Barraca Abana, viesse ao reino de Valdecacos disputar as próximas eleições com o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum seria estrondosamente derrotado. Mais palavras para quê?


Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 25 de Novembro de 2008