tag:blogger.com,1999:blog-16146828289140958172024-02-08T15:58:59.606+00:00ChaparutoFernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.comBlogger52125tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-24775021432914237012013-03-15T22:34:00.000+00:002013-03-15T22:34:00.841+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Estas crónicas alimentaram-se
durante quase trinta anos nas peripécias de um pequeno personagem que o Marquês
de Croft Dom Manolo Primo de Rivero apelidou com alguma ironia de Tamagoshi,
devido à sua pequena estatura, ao bigodito que acabou por sacrificar por
motivos de ordem eleitoral, e à maneira rápida e cadenciada de ler os
discursos, com um certo acento nipónico que deixava o povo de boca aberta e
olhos arregalados de espanto pois não entendia absolutamente nada, facto esse
que acabou por beneficia-lo em termos eleitorais, pois como todos sabemos os
discursos dos políticos não são para entender mas sim para aplaudir.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
É pois para mim extremamente
difícil continuar a escrever as cronicas do reino sem ver diante dos olhos o
japonesinho irrequieto e irrascível, que durante tantos e tantos anos foi fonte
de inspiração e de brincadeira inocente, pontuada de quando em vez por uma
certa picardia como convém nestas situações. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Estou pois seriamente a pensar
por um fim nas crónicas do reino, também me sinto no direito a um merecido
descanso, quem sabe rumar ao nordeste do reino do Brasil, comprar uma cabana de
pescadores numa daquelas praias paradisíacas, refrescar-me com uma água de
coco, degustando camarão frito e umas patas de siri, subindo e descendo as
dunas e as bundas, que naquela região são das mais bonitas do mundo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
È este o sentimento que me invade
o coração e me amolece a alma! A partida do Barão de Ferreiros deixou-me esta
imensa nostalgia e não me parece que qualquer dos outros personagens da
aristocracia do reino de Valdecacos, consiga preencher este vazio deixado por
Dom Xico Mirandum.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Barão de Ferreiros conduziu o
reino de Valdecacos ao sec.XXI da mesma maneira que se conduz o comboio numa
montanha russa. A viagem tal como os discursos foi rápida e acidentada, com
voltas reviravoltas e rodopios tal como convém numa montanha russa, mas sempre
dentro dos carris que volta após volta apontavam sempre na direção da eleição
seguinte.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ano após ano, volta após volta,
eleição após eleição, lá conduziu o Barão de Ferreiros o comboio, serra a cima
montanha abaixo, o povo de início como era novidade gritava de contentamento
com a velocidade imprimida, as curvas apertadas, as descidas rápidas e as
voltas de cabeça para baixo. Depois começou a cansar-se de andar com a cabeça à
roda, e os mais novos começaram a saltar do comboio em andamento arriscando a
própria vida, outros não puseram cinto de segurança e foram cuspidos, e quando
Dom Xico Mirandum deu conta mais de metade da população tinha abandonado o
comboio e envergonhado com isso, decidiu abandoná-lo também. Entregou o posto
de maquinista ao homem do carvão, que durante os anos de viagem não fez outra
coisa senão obedecer ao Barão de Ferreiros, que no final de cada volta lhe ordenava
alto e bom som <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“bota carvão à máquina”.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
E o comboio lá continua agora sem
maquinista e também mais devagar que o habitual pois o carvão vais escasseando
e já não tem a mesma qualidade. De vez em quando ouve-se uma voz no meio da
populaça dizer para o homem do carvão <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“bota
carvão à máquina”</i>, e o homem do carvão já cansado e a pensar que ainda tem
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“botar carvão à máquina”</i> durante
mais dois anos e que o novo maquinista em vez de ser ele vai ser o calcinhas do
revisor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 01 Março de 2013</div>
Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-4811275519706376162013-02-15T21:28:00.000+00:002013-02-15T21:28:00.224+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Visconde de Celeirós Dom
Toninho Castanheiros do alto das suas botifarras, empinando a barriga e
deitando a cabeça para trás apontando o queixo ao céu, desce imperturbável e
sem a imponência merecida pelo cargo, as escadarias da sede do governo do reino
de Valdecacos, que passou a chefiar desde a partida antecipada do Barão de
ferreiros Dom Xico Mirandum. Carrega um semblante algo triste e preocupado,
pois o seu antecessor deixou o tesouro do reino quase na penúria, a pouco mais
de meio ano de umas eleições em que é costume o governo encher as aldeias do
reino de paletes e mais paletes de material, que na maioria dos casos é vendido
ou trocado por garrafões de vinho ou de azeite, quando não fica a apodrecer
pelas valetas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O reino de Valdecacos, apesar de
ter um novo chefe, que ao longo dos anos viveu na sombra de Dom Xico Minrandum
e sempre disse que abandonaria o governo quando o Barão de Ferreiros se fosse
embora, afinal enganou-se nas contas e enganou-nos com a conversa, pois vai
continuar com uma grande motivação, nada dessas ideias mixurucas e corriqueiras
de servir o povo e lutar pelos ideais da social-democracia, mas sim porque ao
que parece lhe faltam dois anos para levar a reforma por inteiro.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O bizarro de tudo isto é que o
reino de Valdecacos é neste momento governado por uma troika. Como se não
bastasse a troika que aflige o Condado Portucalense e nos aflige a todos, a
troika que governa o reino de Valdecacos, é constituída pelo Visconde de
Celeirós Dom Toninho Castanheiros que se senta na cadeira, pelo Visconde de
Valverde Dom Vitinho Corócócó que escreve os discursos e define as estratégias
e pelo Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor, que ao microfone lê os
discursos e faz a propaganda.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ora se uma troika incómoda muita
gente, duas troikas incomodam muita mais, é esta a sina do reino de Valdecacos,
uma desgraça nunca vem só!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Os meses que se aproximam
prometem ser pródigos em situações caricatas, depois dos vinte e sete anos de
poder absoluto do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, temos um Visconde de
Valverde Dom Vitinho Corócócó que pensa e dita, o Visconde de Celeirós Dom
Toninho Castanheiros que finge que pensa e pensa que manda, e o Marquês de Calavinhos
Dom Milkes Varredor que fala, fala, fala, e não diz nada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pairando sobre a troika como um
gavião sobre um bando de codornizes, deixando-se levar pelas correntes de ar
que ora o levam para cima ora o puxam para baixo, o ainda presidente das cortes
Dom Juanito de La Bisabuela, com bicada ali, bicada acolá, vai dando prova de
vida, apesar da evidente dificuldade que tem em bater as asas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Segundo li nos jornais o Marquês
do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, assumiu a candidatura pelos rosas no reino
de Valdecacos. Falou na esperança gorada de ver aparecer uma candidatura jovem
vinda da sociedade civil e que até à data não se concretizou. Teremos então
para já um candidato velho com ideias novas e um candidato novo com ideias
velhas!! Vai ser interessante de se ver.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ainda a procissão vai no adro! Fazem-se
e desfazem-se listas do dia para a noite. Uns sobem lugares outros descem
lugares alguns mudam de camisa. Ao que se consta o Visconde de Valverde Dom
Vitinho Corócócó, depois de horas e horas a mudar de estratégia e a tentar
explicá-la aos seus correligionários, teve de ser conduzido de urgência ao
posto clinico para levar um soro, pois estava completamente desidratado. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ps: O povo por ele próprio quer
sempre o bem, mas, por ele próprio nem sempre o conhece. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Jean Jacques Rousseau”<o:p></o:p></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p> </o:p></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 01 de Fevereiro de 2013</div>
Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-34291574476389421432012-12-21T11:32:00.000+00:002012-12-21T11:32:00.898+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Barão de Ferreiros Dom Xico
Mirandum anunciou com pompa e circunstância que vai abandonar o poder até ao
final do ano, ou seja, não fica até ao último minuto da última hora do último
dia, que seria algures no último trimestre do próximo ano.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Esta situação que deixou
perplexos alguns comentadores políticos e surpreendeu alguns elementos da
oposição, tem a meu ver uma primeira e principal justificação, de que falarei
mais adiante.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Foram no entanto vinte e sete
anos, ou seja, nove mil oitocentos e sessenta e três dias, duzentas e trinta e
seis mil quinhentas e vinte horas, catorze milhões cento e noventa e um mil e
duzentos minutos de poder raras vezes partilhado, exercido com rédea curta,
sempre obediente às indicações do partido, sem nunca ter tido uma visão
estratégica para o reino que foi perdendo a importância regional que já teve em
relação aos vizinhos reinos de Minrandum e da Flávia.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Vinte anos antes de no Condado
Portucalense se falar em partidocracia, ou seja, uma forma de estado em que as
oligarquias partidárias assumem o controlo efetivo do poder, já eu na primeira
crónica escrita no extinto Jornal de Valdecacos, cujo proprietário e diretor
era o Marquês das Padanas Dom Godofredo Barroso, alertava para o poder desmesurado
e discricionário de sua majestade laranjinha no reino de Valdecacos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pois ao fim deste quase quarenta
anos de poder laranja no reino de Valdecacos, 70% dos quais exercidos por Dom
Xico Mirandum, em que houve mais que tempo para preparar uma passagem de poder
que nos permitisse olhar o futuro com alguma esperança, isto é, uma candidatura
jovem, vinda da sociedade civil, alguém com provas dadas no ramo empresarial,
com ideias abertas, com bom relacionamento e bons contactos no Condado
Portucalense e no estrangeiro, ou um profissional liberal credível, com provas
dadas no seu ramo de atividade, com curso tirado em universidade do estado, sem
cadeiras feitas ao domingo ou por equivalência, alguém que não precisasse da
politica para sobreviver, alguém que nos soubesse defender e reivindicasse no
Terreiro do Paço aquilo que é nosso por direito, alguém com um plano de
desenvolvimento bem estruturado, alguém com vontade de servir o povo e não de
fazer carreira politica. Podia ou não o Dom Xico Mirandum ter-se batido por uma
solução destas? Então por que é que o não fez?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Porque se o fizesse, ao fim de
seis meses os seus quase vinte e oito anos de governação seriam completamente
ofuscados e o povo aperceber-se-ia rapidamente da tremenda asneira que foi
mantê-lo no poder durante tanto tempo. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Aí o Barão de ferreiros começou a
pensar numa solução em que as coisas só pudessem ir para pior, pois seria a
única maneira do povo vir a sentir algumas saudades…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
E não precisou de pensar muito,
conhecendo ele a peça melhor que ninguém, tirou da cartola o Marquês de
Calavinhos que já se encontra no governo há doze anos e se prepara para
chefiá-lo mais doze.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Alguém lhe conheceu algum
elemento curricular de relevo, alguma ideia, algum programa nos anos em que
esteve no governo de Dom Xico Mirandum? Que se saiba os doze anos serviram
apenas para aliciar e inscrever militantes no partido de sua majestade
laranjinha.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Será este o castigo para quem foi
presidente da assembleia geral da confraria que levou ao encerramento do
Hospital de Valdecacos?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se a situação não fosse trágica,
até daria vontade de rir, a mim quando me contaram olhei em redor a ver se
descobria alguma câmara de filmar da televisão, pois pensei que era o programa
dos apanhados mas infelizmente não, parece que é mesmo verdade!!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Maquiavélico! È o adjetivo
adequado para a maneira encontrada por Dom Xico Mirandum se tornar desejado
depois de se ter ido embora. Já o imagino a rir-se para os seus botões e a
pensar “eu vou-me embora mas ainda ides chorar por mim”.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Então e os rosas o que é que
fazem no meio de esta tragicomédia? E os centristas? E os laranjinhas? O que
pensa a Condessa da Fradizela Dona Suprema Bonçalo? E o Visconde de Puralina
Dom Tião Cidade das Neves? E o histórico alcaide de Valdecacos Dom Lapalino Del
Sardon? E o seu filho Dom Maugénio Del Sardon? E o Marquês de Piscaneto Dom Zé
Generoso? E o Duque de Manteigas Dom Joselito de La Estrela e Benfica? E o
Barão do Tanque Mansinho Dom Zé Carioca? E o Presidente da Fundação Oriente Dom
Staneloy Ho? O que é que toda esta gente tem a dizer sobre esta solução que tem
um significado de “evolução na continuidade” da passagem de testemunho do
Salazar para Marcelo Caetano. Será que também teremos que esperar quatro ou
cinco anos para termos o nosso 25 de Abril?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Consta-se que o Marquês do
Pereiro Dom Alfonso de La Niña tem vindo a ser contactado e pressionado para
encabeçar uma candidatura abrangente, que defronte o poder instituído. A ver
vamos!</div>
<o:p> </o:p><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O preço a pagar pela tua não
participação na política, é seres governado por quem é inferior”. (Platão
428-347 A.C.).</i></b><o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
Publicado no jornal Tribuna Valpacense em 07 de Dezembro de 2012Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-40499172259011371522012-11-29T11:37:00.000+00:002012-11-29T11:37:31.188+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Esta é a crónica de uma morte
anunciada. A notícia chegou dura, fria, breve e seca. O Marquês do Correio
Velho Dom Rubio Soutinho faleceu vítima de doença prolongada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Personagem há uns anos arredado
destas crónicas, foi um destacado natural do reino de Valdecacos que correu
mundo, vencendo inúmeras batalhas contra um destino que por vezes lhe foi
adverso, mostrando sempre uma vontade e uma perspicácia fora do comum.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
De Angola à Africa do Sul, do
Brasil a Espanha, dos reinos da Maia a Valdecacos, a sua vida daria um filme em
que se conjugariam todos os géneros cinematográficos, desde a aventura à
guerra, do ódio à paixão, do drama à comédia.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Foi ele o pilar em que assentou a
geminação dos reinos da Maia e Valdecacos, quando nos tempos áureos do
cavaquismo, se movimentava como peixe na água nos círculos do poder.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Amigo dos amigos (poucos), implacável
com os inimigos (alguns), amigo dos prazeres da vida e da mesa, ficaram célebres
algumas festas de aniversário em que chegou a juntar algumas centenas de
pessoas em lautos almoços e jantares.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Crítico da “abrilada” (25 de
Abril), fazia questão de se ausentar todos os anos do condado Portucalense no
dia 24 regressando apenas a 26 de Abril. Nas curtas estadias que ao longo dos
anos passou no reino de Valdecacos, costumava juntar um grupo de amigos da
velha guarda em opíparos lanches que se prolongavam por tardes inteiras e por
vezes continuavam noite fora, a que chamava reuniões do “Conselho da Revolução”
numa paródia conseguida ao dito cujo, onde na altura pontificava o Rosa
Coutinho conhecido como o “Almirante Vermelho”, a quem o Marquês do Correio
Velho Dom Rubio acusava de ter entregue o reino de Angola aos comunistas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Eram membros efetivos do Conselho
da Revolução de Valdecacos o Dom Rubio, o Dom Armandinho, o Dom Maximiano, o
Dom Amândio e o Dom César, seguindo-se como suplentes o Dom Abreu e o Dom
Aguiar, e como observadores o Marquês de La Frontera Dom Corleone de La Mancha
e o Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña. Havia depois alguns personagens
que de acordo com as circunstâncias e os humores do Dom Rubio eram esporadicamente
convidados para algumas reuniões do Conselho.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A todos o Dom César batizava, e
não foi fácil conseguir esta informação, mas deixo-vos algumas das nomeadas que
ele utilizava e a vossa imaginação que as correlacione com as personagens
respetivas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Caudilho, o Chalato, o Vilaranda, o Lafusco, o Guiças, o Sineiro, o
Carqueja, o Pelinhas, etc, etc.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Já não resta nenhum dos membros
efetivos do Conselho da Revolução de Valdecacos, é mais um virar de página na
historia deste reino, que mais de 20 anos depois da geminação com o reino da
Maia, tem visto outro gémeo a crescer em população e em desenvolvimento,
enquanto nós vamos definhando e empobrecendo alegremente, sem que se vislumbre
uma alternativa às politiquices que nos levaram a esta situação, o que me lava
a pensar que o reino de Valdecacos mais que um Conselho da Revolução, precisa
de uma revolução no concelho.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ao fim de 42 anos no reino de
Valdecacos o Arcipreste Dom Papalves rumou ao reino de Perafita, para um
merecido descanso. Algumas atitudes polémicas e o feitio barrosão causaram
dissabores a alguns paroquianos e ao próprio. Num percurso tão longo no tempo
tem forçosamente que haver altos e baixos, e tal como Salazar, mentor de alguma
igreja antiquada e retrograda, quando se permanece em cargos de chefia ao longo
de décadas, normalmente as entradas são de leão e as saídas nem por isso!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Seja como for, o largo da igreja
do reino de Valdecacos não voltará a ser o mesmo sem o Arcipestre Dom Papalves
de um lado e o Marquês do Correio Velho Dom Rubio Soutinho do outro.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Que o Dom Papalves encontre
finalmente a paz de espirito que as beatas e os beatos aqui nunca lhe
permitiram ter, e que o Dom Rubio Soutinho reúna rapidamente o Conselho da
Revolução lá no céu, pois o Dom Armindo dos Possacos arranjou lá um cantinho aprazível
onde todos já se encontram à espera, para uma tarde bem passada.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 10 de Novembro de 2012Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-71135765001555523542012-11-03T13:58:00.001+00:002012-11-03T13:58:53.286+00:00CRONICAS DO REINO IV SÉRIEAí vamos nós, a passos largos, a
caminho de mais um inverno do nosso descontentamento. O Condado Portucalense,
exausto e exangue com tanta austeridade imposta pela TROIKA e executada e
agravada pelo governo do Marquês de Vila Real Dom Passos Guedelho, está
praticamente moribundo.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Do Minho aos Algarves, o povo
saiu à rua, protestando contra as péssimas condições de vida a que se encontra
sujeito, em manifestações com uma participação e grandiosidade que já não eram
vistas desde o 1º de Maio de 1974.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Mas se o Condado Portucalense
está moribundo devido à crise e às exageradas medidas de austeridade que estão
a matar a economia, o reino de Valdecacos já morreu há mais de uma dúzia de
anos, devido à falta de uma estratégia de desenvolvimento e às políticas
erradas de quem nos tem (des) governado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se a grande maioria das pessoas
em idade produtiva e reprodutiva já abandonaram o reino, por aqui não
encontrarem condições de trabalho, emprego e sobrevivência, ficaram apenas uns
milhares de zombies que deambulam de um lado para o outro, entre as sedes do
governo e da confraria, em busca de um subsídio ou de uma merenda gratuita.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Com festas e bolos se enganam os tolos”</i>. Aí está uma realidade
sempre presente nos últimos trinta anos no reino de Valdecacos. Não houve uma
única inauguração desde o mais humilde chafariz até às escolas mais
importantes, passando pelas sedes de cada uma das trinta e uma alcaiderias do
reino, por estradas e calcetas, por pavilhões desportivos e multiusos, por lares
de terceira idade e centros de dia, piscinas quentes e frias, quarteis da
polícia e da G.N.R, universidades, bibliotecas, feiras e romarias, tudo isto
serviu para os políticos se exibirem e mostrarem aos “tolos” como se preocupam
com eles.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Assim fomos todos de inauguração
em inauguração, de festa em festa, até ao descalabro total.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
As festas assim como os centros
comerciais, são no sec.XXI o bodo e o palácio dos pobres. Há-de chegar o dia em
que os “tolos” vão ganhar juízo e perceberem o quanto foram enganados e
abusados ao longo dos tempos. Os milhares de jovens desempregados, que
esperança podem ter num reino empenhado para os próximos trinta anos, pelos
gastos excessivos e descontrolados de meia dúzia de pessoas apenas interessadas
no seu conforto pessoal e na sua família política?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Quando o governo do Barão de
Ferreiros Dom Xico Mirandum se envolveu descaradamente e utilizando métodos
pouco ortodoxos e de caciquismo primário no apoio a uma lista para a direção do
agrupamento escolar de Valdecacos, sabia ou não sabia que alguns membros dessa
lista estavam a ser alvo de um inquérito, por ações praticadas em conselhos
diretivos anteriores?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Corre à boca cheia que o
resultado da inspeção não propõe nenhum louvor aos visados antes pelo
contrário! E agora? Qual a justificação? E os alunos? Alguém pensou neles? </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O presidente das cortes Dom
Juanito de La Bisabuela, que diz a toda a gente que a Baronesa do Terreiro Dona
Expropriação Esteves nunca fez nada pelo reino de Valdecacos, acha que
conseguirá fazer alguma coisa na enrascada em que se meteu o irmão de Dom Caím
Conde do Cutelo Melhor?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Teremos foguetes novamente? É
claro que sim, pois este reino é uma festa e com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“festas e bolos se enganam os tolos”</i>.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: “Entre o governo que faz o
mal e o povo que o consente há uma cumplicidade vergonhosa”, Vítor Hugo.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<br />
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 12 de Outubro de 2012Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-37043740632240983622012-10-08T20:22:00.001+01:002012-10-08T20:22:39.471+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Aqui
há tempos, tive necessidade de me deslocar à farmácia, para aviar uma receita
que me passaram nas urgências de reino de Mirandum, que juntamente com as
urgências do reino da Flávia, atendem os 15 000 tristes habitantes do reino de
Valdecacos, que há mais de um ano foram espoliados do seu hospital pelo Ex
confrade mor Dom Geninho Três Ais, bem acolitado pelo Visconde de Alfarelos e
por outros que todos sabemos quem são e que por aí continuam despudoradamente
como se nada tivesse acontecido. Consta-se até que ao contrário da grande
maioria dos funcionários do hospital que perderem o seu posto de trabalho e
atravessam momentos de grandes dificuldades, o Marquês de Viagreta foi visto no
reino dos Algarves, a disfrutar da amenidade do clima e da temperatura das
águas, lançando olhares libidinosos aos corpos morenos e bem torneados das
jovens turistas, que tal como a garota de Ipanema imortalizada há 50 anos por
Tom Jobim e Vinícius de Moraes, passam num doce balanço a caminho do mar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Mas
mudemos de assunto, pois como diz o povo na sua sabedoria sedimentada ao longo
de séculos “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não merece a pena gastar mais
cera com tão ruins defuntos</i>”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Pois
como ia dizendo e ao contrário de muitos que são atendidos nas urgências de
reinos vizinhos e acabam por adquirir lá os medicamentos, prejudicando o já
depauperado comercio do reino de Valdecacos, recorri à farmácia que estava de
serviço na minha terra pois era domingo. Encostei-me um pouco ao balcão porque
tinha duas pessoas à minha frente, uma das quais um jovem emigrante que pediu
uma caixa de camisinhas sem mangas, pois em Agosto o calor aperta, os arraiais
são muitos e as tentações ainda mais e nestas circunstancias homem prevenido
vale por dois.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Atrás
do balcão, o Barão de Alvalade Dom Xico Xicão, discípulo dileto do finado
Doutor Lixivia, enquanto procurava o artigo, virou-se para o interior da
farmácia e perguntou:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">-
Então já soube do evento social que houve ontem no café Russo nas Lages?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Aparecendo
à porta, vindo do interior da farmácia o Visconde de Setúbal Dom Godofredo Miau
respondeu com um não que mais parecia um grunhido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">O
Dom Xico Xicão lá explicou que o estado-maior laranja esteve reunido à volta de
um lauto almoço oferecido pelo Marquês de Santa Maria Dom Assediado, com
pretexto de festejar os anos, e que por estranho que pareça já é a segunda vez
que acontece este ano, mas que no fundo se trataria de um encontro preparatório
para o lançamento de uma candidatura abrangente ao governo de Valdecacos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Ainda
não tive oportunidade de me encontrar com nenhum dos comensais presentes, nem
sequer confirmar a identidade dos mesmos, mas quem já o deve saber e não estará
nada contente é o Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor que sabe com quem
lida e tem medo que lhe façam a cama.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 176.25pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Uma
noite destas passou-se esta cena que me contaram e que é de partir o coco a
rir! Subiam a avenida da Sª. da Saúde em amena cavaqueira o Morgado de São
Francisco Dom Catalone El Bone, com o Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La
Niña, mais o Marquês de La Frontera Dom Corleone de La Mancha e o agente da
alta autoridade contra a corrupção e inspetor mor do reino Dom Torelo Luís,
Barão do Largo da Palha. Este ultimo falando da política e dos políticos em
geral, dizia que não dormiria descansado enquanto não visse alguns atras das
grades. Ora nesse preciso momento, descendo de sua casa em direção à avenida
passeando distraidamente o caniche, o presidente das cortes Dom Juanito de La
Bisabuela, ouvindo falar Dom Torelo e vendo as outras três personagens, mudou
de repente de direção, deu um puxão na trela do caniche, que o desgraçado andou
uma dúzia de metros pelo ar e aterrou no passeio do lado oposto, acompanhando
aflito o passo estugado do dono que se afastava rapidamente do local, não fosse
o diabo tece-las…</span><span lang="PT"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT">Até Breve<o:p></o:p></span></div>
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 31de Agosto de 2012Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-70980509185599448342012-09-10T09:21:00.001+01:002012-09-10T09:21:11.527+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE
Este ano fui a Valverde às festas
de Nossa Srª do Carmo. Já há muito tempo que lá não ia, pelo que aproveitei
para dar uma volta pela aldeia e observar as transformações lá efetuadas nos
últimos anos. Sendo uma das duas aldeias anexas à capital do reino, Valverde
tem beneficiado pelo facto dos dirigentes de três instituições se digladiarem
na obtenção de apoios e votos, facto esse que tem levado à realização de obras
por vezes necessárias, outras vezes nem tanto. O governo, a alcaideria e a
confraria decidiram apostar em Valverde.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pois como eu estava dizendo, e
contrariando a crise instalada, a festa esteve animada, prolongando-se por
sábado, domingo e segunda-feira, com missa procissão e dois ou três arraiais
não faltando a banda de Valdecacos numa competente arruada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Quando acompanhava a procissão,
vendo as ruas e calçadas limpas e arranjadas ao contrário do que é habitual,
ouvi uma velhota que caminhava com dificuldade amparada numa bengala, comentar
com o parceiro do lado que tinha sido o Bítaro a dar dinheiro para limpar e
arranjar as ruas. Na hora da missa e perante os bonitos arranjos florais, uma
beata com um lenço de renda negro a cobrir-lhe a cabeça, comentava com outra
que tinha sido o Bítaro a dar dinheiro para as flores.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
À noite no arraial, enquanto duas
dúzias de rapazes e raparigas rodopiavam no largo da capela, ao som duma música
brejeira do Quim Barreiros, tocada por um desses conjuntos que animam as festas
populares, um rapaz com um corte de cabelo futurista e uma camisola de alças,
com etiquetam dos armazéns Printemps de Paris que deixavam os ombros fortes e
morenos à mostra, de garrafa de cerveja na mão e cigarro no canto da boca,
dizia para outro que tinha sido o Bítaro a dar o dinheiro para o conjunto.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Por volta da meia-noite o céu
iluminou-se com as girandolas e as balonas, e o chão estremeceu com o ribombar
dos morteiros. Era o fogo-de-artifício imprescindível num arraial tipicamente
transmontano. As poucas crianças que por ali andavam correram procurando
refúgio e aconchego junto das mães, e olhando para o céu com os olhos ao mesmo
tempo assustados e curiosos, deixaram refletir neles uma miríade de estrelas de
todas as cores. Foi então que uma das mães comentou com outra que tinha sido o
Bítaro a dar dinheiro para o fogo-de-artifício.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Comecei a pensar que o Bítaro
fosse um desses canadianos, a maneira como são conhecidos pelos seus
conterrâneos os que fizeram pela vida e foram bem-sucedidos no longínquo reino
do Canadá.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Procurei satisfazer a minha
curiosidade sobre tão ilustre e rica personagem, quando para meu grande espanto
me disseram que o dito Bítaro é o Visconde de Valverde Dom Vitinho Corócócó.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pensei cá com os meus botões,
será que o Dom Vitinho Corócócó, se conseguiu libertar do estigma de surra com
que são classificados todos os que nascem em terras de Valverde, e investiu
parte das massas que recebe do governo para despesas de representação na festa
da sua terra, ou será que é dinheiro da TROIKA que saiu pela porta dos
subsídios?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Esta é a única aldeia do reino em
que o Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor se sente com peixe fora de
água. Ele sabe que aquele território tem dono, é do Bítaro, aliás do Visconde
de Valverde Dom Vitinho Corócócó, que nesta altura do campeonato ainda não
poderá ser classificado como uma carta fora do baralho, na sucessão ao Barão de
Ferreiros Dom Xico Mirandum.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: É altura de Dom Xico Mirandum
terminar o curso de direito na Lusófona, pedindo equivalências às cadeiras que
lhe faltam, pois o currículo dele é em meu entender superior ao do Relvas.
Ficará assim com dois canudos, aumentando seriamente as hipóteses de vir a ser
convidado para algum cargo governamental.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 04 de Agosto de 2012</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-60623556341504005902012-08-05T23:06:00.002+01:002012-08-05T23:06:45.665+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIEEle está em todas. Agora que nos
encontramos em plena quadra festiva dos santos populares, lembra-me esse grande
santo casamenteiro de seu nome Fernando Bulhões mas que todos conhecemos como
Stº. António de Lisboa ou de Pádua conforme a nossa nacionalidade, único santo
da igreja a quem Deus concedeu o dom da ubiquidade, ou seja o poder de estar em
mais que um local ao mesmo tempo.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pois o nosso personagem, até
parece que tem o mesmo dom dada a sua assídua presença em toda a parte. Se há
um batizado em Lebução e outro na Veiga lá o vemos a tirar uma fotografia e dar
um beijo ao neófito num lado, e a fotografar-se com os avós no outro. Se há um
casamento em São João e outro em Rio Torto lá o vemos num lado e noutro a
cumprimentar noivos e convidados, com um sorriso de orelha a orelha.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se há festa com procissão é certo
encontra-lo atrás do andor principal, com o ar circunspecto e fervoroso de que
o povo tanto gosta.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se há arraial mesmo na mais
recôndita das aldeias do reino, aí o temo a confraternizar com as pessoas, a
comentar o fogo-de-artifício, a fazer uma oferta simbólica ao padroeiro ou
padroeira.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se há um evento desportivo lá
está ele a distribuir sorrisos e medalhas, falando nos benefícios da actividade
física e no seu amor pela modalidade seja ela qual for.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se há apresentação de um livro no
centro cultural, lá o temos a tecer elogios ao escritor e a arengar sobre
literatura portuguesa, da importância do conhecimento dos clássicos da sua
preferência pelos românticos, do estilo dos modernos e contemporâneos, omitindo
propositadamente o nosso único prémio Nobel por motivos de ordem ideológica. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se pelo contrário houver uma
exposição de artesanato lá está ele a falar da importância do mesmo, e de como
irá incentivar e apoiar os artesãos, criando um fundo especialmente destinado
para o efeito.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Também já o vimos a apresentar
escultores e pintores, discorrendo sobre a importância das artes plásticas na
formação de um individuo e da mais-valia estética dos quadros pendurados nas
paredes de um futuro museu que ele irá mandar construir, aproveitando a
sinergia dos nossos emigrantes para fazer intercâmbios culturais e exposições
concertadas com os maiores museus do mundo, desde o MoMa de Nova Iorque, ao
Guggenheim de Bilbao passando pelo museu do Prado pelo Louvre, o Hermitage,
todos eles farão intercambio com o futuro museu de Valdecacos, que será
provavelmente instalado num dos barracões existentes nas traseiras da Casa do
Vinho (que por sinal cheira a azeite rançoso), que evidentemente terão obras de
remodelação a cargo de um dos empreiteiros do regime.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se uma das inúmeras associações
ditas culturais e para o desenvolvimento, que proliferam por todas as
alcaiderias do reino e que são um sorvedouro de dinheiros públicos e uma forma
de encapotadamente financiar actividades do partido laranja necessita de algum
subsídio, e o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum oferece 500, o nosso
personagem vai por trás e diz que se fosse ele a mandar dava 1000.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Uma das actividades que lhe dá
mais trabalho são os funerais. Com os habitantes do reino completamente
envelhecidos e os militantes a morrerem que nem tordos, é vê-lo, afivelando uma
mascara de gato-pingado, a dar os sentidos pêsames às viúvas filhos e netos,
prometendo melhorias nas calçadas e nos cemitérios para tornar mais fácil a
ultima viagem e mais confortável a ultima morada. Cumprindo a cartilha do
verdadeiro autarca de Valdecacos os eleitores são acompanhados do nascimento
até à morte e nos mais importantes eventos da vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A esta altura do campeonato, não
do europeu que ainda decorre mas das autárquicas, já toda a gente identificou o
Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor com o personagem que está na
berlinda. Não é segredo para ninguém que ele quer suceder ao Barão de Ferreiros
Dom Xico Mirandum, e faz e fará tudo para concretizar esse desejo, chegando a
perder as estribeiras com quem supostamente lhe possa fazer sombra.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Aqui há tempos num jantar de
amigos em que se encontravam presentes vários elementos que há uns anos atrás
militaram nas jotas laranja e rosa do reino de Valdecacos, e dada a situação de
descalabro a que chegou o reino, pensaram em apoiar algum dos jovens persentes
para encabeçar uma alternativa credível, vinda da sociedade civil, uma
personalidade com provas dadas fora do reino, que já estivesse estado à frente
de empresas ou instituições com responsabilidades acrescidas com curso credível
tirado em universidade estatal, com ideias novas, sem vícios ou ligações com o
polvo instalado. Segundo apurei, um dos intervenientes nesse jantar foi o
Marquês de Tábuas Dom Claudino Apavorado também conhecido pelo Pequeno
Helvético. Pois quando o Marquês de Calavinhos Dom Milkes soube disso convocou
o Pequeno Helvético à sede do governo e de traidor para cima chamou-lhe tudo,
culpando também o Barão de Ferreiros pelo acontecimento, chegando a dizer ao
Dom Xico Mirandum num tom de voz completamente alterado que o melhor que tinha
a fazer era arrumar as botas e ir embora pois já não mandava nada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guardado está o bocado para quem o há-de comer</i>”, diz o povo.<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: Quando vires um homem bom
imita-o; quando vires um homem mau olha para ti mesmo.(<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Confúcio</i></b>)</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no Jornal "Tribuna Valpacense" em 07 de Julho de 2012</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-38602170725308508842012-07-12T11:30:00.002+01:002012-07-12T11:32:35.664+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<div style="text-align: justify;">
Aqui há tempos, encontrando-me no
Porto com um grupo de pessoas do norte entre as quais algumas do nosso reino,
queixei-me do autêntico marasmo em que caiu a capital de Valdecacos. Comércios
vazios, lojas encerradas, vivendas fechadas, apartamentos à venda, cafés com um
ou dois gatos-pingados, ruas desertas e se por acaso nos cruzamos com alguém,
as pessoas carregam um semblante triste e acabrunhado de quem já perdeu todas a
ilusões. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Mas pior do que ter perdido as
ilusões, é as pessoas terem perdido a capacidade de se revoltar contra as
circunstâncias que transformaram um dos melhores reinos de Trás-os-Montes e a
sua capital, num arremedo de cidade, rodeada por lugarejos que já foram Aldeias
com A grande, mas que agora não passam de lares de terceira idade a céu aberto.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O reino de Valdecacos caminha a
passos largos para um abismo há muito anunciado, e os responsáveis pelo governo
local, continuam a assobiar para o lado, a embolsar os ordenados, as ajudas de
custo e as senhas de presença, como se nada fosse com eles. Apenas estão
preocupados em assegurar para filhos amigos e enteados, um lugar à mesa do
orçamento, que eles vão ter de abandonar por imposição da lei.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A fundação Francisco Manuel dos
Santos, ligada ao grupo Jerónimo Martins, criou a maior base de dados sobre o
condado Portucalense e todos os seus reinos. Chama-se PORDATA e pode ser
consultada na internet em <u>pordata.pt</u>.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ali podemos consultar a evolução
do país em vários domínios ao longo dos últimos 20 anos, desde taxas de
natalidade e mortalidade, desemprego, desenvolvimento, emprego, ambiente,
qualidade de vida, poder de compra, actividades culturais, demografia,
processos judiciais, estabelecimentos de educação e de saúde, etc…etc…etc.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Todos os reinos do condado Portucalense
podem ser comparados uns com os outros e podereis constatar que o lugar do
reino de Valdecacos nos vários rankings, anda sempre pelos fundos das tabelas,
contrariando a visão dos responsáveis políticos locais, que em discurso atrás
de discurso têm convencido o povo ao longo dos anos a dar-lhes o voto, num dos
maiores e repetidos embustes de que tenho conhecimento.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Nessa reunião no Porto, um dos
presentes que assistia à conversa, figura grada do partido laranja a nível
nacional, lá foi argumentando que Valdecacos tinha tido muito azar com o facto
de circunstancialmente os governantes locais sem excepção terem sido muito
pouco competentes ao longo de muitos anos, aliado ao facto de termos dois polos
de atracção muito mais fortes a norte e a sul do reino, que são os reinos de
Mirandum e da Flávia, e tudo isto levou à situação de catástrofe em que nos
encontramos. Não deixou também de me referir, que muitas vezes o chefe faz a
diferença pouco importando a fraqueza ou fortaleza do reino e do povo, dando-me
como exemplo dentro do seu próprio partido e também na nossa região, do caso de
reino do Boticário e do seu chefe do governo Dom Fernando Campónio, que
conseguiu para o seu pequeno reino aquilo que outros nunca conseguiram, fosse
qual fosse a cor dominante no Terreiro do Paço.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
É por estas e por outras que o
Dom Fernando Campónio como muitos outros que agora vão ter de abandonar o poder
devido à limitação de mandatos, já se consta que provavelmente será convidado a
encabeçar uma lista no reino da Flávia. Também estou convencido que aqui em
Valdecacos faria um bom lugar, sendo a meu ver muito mais capaz que qualquer
dos candidatos que até agora se perfilam, tendo até a vantagem de poder vir a
habitar no palacete que o seu grande amigo e presidente da Fundação Oriente Dom
Staneloy Ho está a reconstruir na capital do reino.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Então o nosso Barão de Ferreiros
Dom Xico Mirandum ninguém o quer? Estou convencido que os habitantes de
Valdecacos o transferem de bom grado sem querer nada pelo passe e ainda dão
meia dúzia de folares de bónus a quem o levar.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ou será que o Marquês de Alijó
Dom Pedro Morronel lhe vai retribuir o favor e o chama para assessor?</div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: É raro dia em que a torre da
igreja da capital do reino não toca os sinais a defuntos. Muito boa gente tem
partido deste reino envelhecido e triste. Soube extemporaneamente da morte da
mãe dum personagem destas crónicas que é o barão do Tanque Mansinho Dom Zé
Carioca. Verdadeira mulher do povo, corajosa, simples e respeitadora, apanágio
das gentes antigas de Valdecacos, gentes a quem podia faltar tudo, mas nunca
faltava a dignidade. Exemplos infelizmente hoje raros de se encontrar. Ao Dom
Zé Carioca os meus respeitosos sentimentos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 11 de Maio de 2012</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-19781048232037305262012-05-10T09:55:00.001+01:002012-05-10T09:55:17.682+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIEQuando na última crónica escrevi
que no reino de Valdecacos da maneira como as coisas estão encaminhadas, os
jovens têm que ir para fora ganhar a vida, pois quando muito apenas haverá
futuro para meia dúzia deles com cartão laranja, esqueci-me de caracterizar
esses celebres cartões que no reino de Valdecacos são na maioria das vezes a
chave mestra que dá acesso aos subsídios, aos favores, ao emprego, e por vezes
ao poder.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Há pois vários tipos de cartões
laranja, mas nem todos levam a determinados lugares e alguns primam mesmo pela
exclusividade de se contarem pelos dedos, as pessoas que deles são titulares.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O cartão laranja-platina, o mais
exclusivo de todos dá entrada nas altas esferas do poder, não só no reino de
Valdecacos mas também em todo o Condado Portucalense, e mesmo na Europa e no
mundo. Dá acesso a ordenados fabulosos, gordas contas bancárias, mordomias de
toda a ordem, carros topo de gama com chofer, dá direito a tratamento por sua
excelência, etc, etc, etc.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
São titulares destes cartões o
Barão do Lila Dom Furão Barroso, a Baronesa do Terreiro Dona Expropriação
Esteves e o Presidente da Fundação do Oriente Dom Staneloy Ho.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O cartão laranja-ouro, serviu
para alavancar a carreira de muito boa gente, que sem o dito cujo nunca teria
passado da cepa torta. Bons ordenados, reformas e mordomias nunca imaginadas
ficaram ao alcance dos titulares deste cartão, cuja importância todavia se
restringe às fronteiras do reino. É o cartão mais desejado pelos elementos da
nomenclatura laranja, e muitos mantiveram-se militantes ao longo dos anos, na
vã esperança de lhes tocar algum, mas poucos foram os escolhidos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
São titulares destes cartões o
Presidente das Cortes Dom Juanito de La Bisabuela, o Barão de Ferreiros Dom
Xico Mirandum, o Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros, o Visconde de
Valverde Dom Vitinho Córócócó, o Cobrador Mor do Reino Dom Gigio, o Marquês de
Calavinhos Dom Milkes Varredor, entre outros.</div>
A grande maioria dos membros da
nomenclatura é titular dos cartões laranja-prata. Têm algumas mordomias de
forma escassa e espaçadas no tempo, são convidadas para alguns eventos mais
importantes e para defender o partido nas horas difíceis, têm direito a uma ou
outra merenda ocasional, sendo-lhes nessas ocasiões incutida a esperança
raramente concretizada de virem a obter o cartão laranja-ouro. São titulares do
cartão laranja-prata, o Visconde dos Cossacos Dom Pernache da Lousa, o Visconde
de Jales Dom Tides Mais Branco não Há, o Marquês de Fonte Mercê Dom Tonho, o
Barão de Vila do Pelo Dom Daniel sem Papel, a grande maioria dos alcaides, o
Visconde da Régua Dom Farinheira Medes, o Conde de Paradela Dom Sebentino
Melkes, o Visconde da Arreigada Dom António Barbarossa, o Conde de Argemil Dom
Gualteriano Peixeira, etc, etc, etc.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Vem a seguir o cartão
laranja-laranja, por muitos considerado o verdadeiro e puro cartão, cujos
titulares são o povo crente e anónimo que ao longo dos anos com o voto tem
sustentado esta classe politica e alguns que deram o litro, a saúde e até a
própria vida, a troco de coisa nenhuma, com sejam o Dom Quintanilha da Triste
Memória, o Duque de Argemil Dom Zé dos Diabos que chegou a ter assento nos
órgãos nacionais, o Duque de Montenegro Dom Júlio da Abadia, e o filho do
Visconde da Foz, Dom Julinho Pimentel.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Vem a seguir na ordem de
importância o cartão laranja-rosa, cujos titulares são aqueles que mudaram de
campo e de partido por motivos óbvios, como por exemplo, o irmão de Dom Caím
Conde do Cutelo Melhor, o escriva do boletim oficial do reino Dom Quixote de La
Silva e outra figuras menores.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
No fim da escala está o cartão
laranja-ás-riscas, ou como diz o povo “cor de burro a fugir”, cujos titulares
são “personas não gratas” dentro do partido, mas que teimam em continuar apesar
da grande maioria dos militantes os quererem ver pelas costas. Entre outros são
titulares deste cartão o Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais, e o Visconde
de Alfarelos filho de El rei Dom João VI.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: O Barão de Ferreiros Dom Xico
Mirandum, numa das inúmeras entrevistas que tem dado ultimamente, eximindo-se
de qualquer responsabilidade na crise que atravessamos e fazendo um balanço da
sua longa passagem pelo poder, disse que augura um futuro brilhante para o
reino de Valdecacos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Todos nós gostaríamos de
acreditar nisso, mas o problema é que o Dom Xico Mirandum é um personagem por
todos nós conhecido há demasiados anos, e todos nós sabemos que em termos de
ordem politica a verdade é “coisa que não lhe assiste”.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 20 de Abril de 2012</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-10918646927649397802012-04-13T16:59:00.000+01:002012-04-13T17:00:07.785+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIEDepois de um périplo por alguns
reinos europeus, aonde fui à procura de condições de trabalho, pois as coisas
por aqui estão cada vez mais difíceis e complicadas com austeridade em cima de
austeridade, os políticos comem-nos mais de metade da jorna que com sangue suor
e lágrimas vamos conseguindo angariar, e o que resta dificilmente dá para
levarmos uma vida digna e acima de tudo perspectivarmos um futuro para os
nossos filhos.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
De modo que, seguindo os
conselhos do chefe do governo do condado Portucalense Dom Passos Guedelho, há
que preparar o salto e emigrar, coisa a que os habitantes do reino de
Valdecacos já estão mais que habituados, pois infelizmente a crise na nossa
terra não começou em 2008, mas já vem de longa data, provocada por politicas
erradas de desenvolvimento, em que se privilegiaram as obras de fachada, o
caciquismo eleitoral, o fogo de artificio, em beneficio dum partido que nos
governa há mais de trinta anos, e que levou à debandada da maioria da
população, que não enche a barriga de passeios com pedrinhas e lancis de
granito, nem de quatros pavilhões multidesuso, nem de cinco ou seis pavilhões
gimnodesportivos, nem de trinta ou quarenta campos de futebol onde já nem as
ovelhas vão por causa da seca, nem de meia dúzia de monumentos de gosto
duvidoso, nem de inúmeras estradecas alternativas para aldeias despovoadas e
que já tinham acesso condigno, nem de prédios cheios de habitações vazias, nem
de centenas de lojas encerradas, nem de comércios falidos, nem de piscinas
fechadas, nem de bibliotecas inauguradas para “inglês ver”, nem de feiras que
deviam promover produtos e apenas promovem políticos, com um modelo
completamente esgotado que não serviram para nada em termos de desenvolvimento
agroindustrial, etc, etc, etc…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Este é um reino sem futuro para
os jovens, ou quando muito terá futuro para meia dúzia com cartão laranja. Os
únicos que vão sobrevivendo são os subsidiados (os que necessitam e os
profissionais do subsidio, sendo esta segunda categoria muito mais numerosa) e
os velhos, ou idosos como agora se diz, que são a larga maioria do povo, já sem
forças para emigrar depois de uma vida difícil comendo o pão que o diabo
amassou, vão vegetando no dia-a-dia amparados pela pensão da segurança social,
que o governo local complementa com os “afectos” em troca do voto quadrienal.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Quando cheguei do reino do
Luxemburgo havia uma notícia em todos os media do condado Portucalense
referindo a nomeação pelo Vaticano de um novo Cardeal, sendo a primeira vez
numa história de quase mil anos que o condado Portucalense tem três Cardeais.
Esqueceram-se do reino de Valdecacos e do nosso Cardeal Mazzarino, que é de
longe o decano dos Cardeais, pois há mais de trinta anos exerce, manipula,
influencia, conspira e intriga junto do poder. A nova eleição para a comissão
de pais, que teve de ser repetida por ordem do tribunal, foi novamente
engendrada pelo Cardeal Mazzarino, que pôs toda a maquina eleitoral laranja ao
serviço do protegido, embora de uma maneira mais discreta, viram-se ao longo da
tarde eleitoral alguns alcaides a transportar pais e encarregados de educação,
prontos a votar às ordens do Cardeal Mazzarino, mas pouco dispostos a apoiar a
escola ou os educandos no que a esta diz respeito. Os professores de outros
reinos que vieram supervisionar o acto eleitoral, ficaram impressionadíssimos
com a mobilização e com o interesse dos pais e encarregados de educação,
afirmando que nunca tinham assistido a nada de semelhante! Pois com toda esta
mobilização e entusiasmo e com a previsível nomeação do novo director que será
o mesmo de antigamente, de certeza que iremos ter a nossa escola classificada
entre as dez primeiras do ranking nacional como aliás sempre tem acontecido…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Cardeal Mazzarino orgulha-se de
nunca ter perdido uma eleição em que se tivesse envolvido ou uma jogada
política em que tivesse participado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Hoje, estou convencido que a
tentativa de por o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum à frente da Confraria,
falhou porque o Cardeal Mazzarino não foi o protagonista da história, e como
tal não só não se empenhou, como minou algumas pedras base como tão bem ele
sabe fazer!</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: Jules Mazarin, nascido Giulio
Raimondo Mazzarino e conhecido como Cardeal Mazzarino, nasceu em Pescina no
reino de Nápoles no dia 14-07-1602 e morreu em Vincennes, França a 09-03-1661.
Foi ordenado Cardeal em 1641 sem nunca ter sido ordenado Padre. Foi nomeado
sucessor do Cardeal Richelieu e após a morte de Luis XIII tornou-se 1º Ministro
de França.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Hábil, refinado e astuto,
desligando-se do Vaticano tornou-se em pouco tempo senhor absoluto da França.
Deixou vários escritos políticos, dos quais retiro a seguinte frase <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“ dissimulador é aquele que ora censura ora
recomenda uma mesma atitude, conforme lhe vem ou cai melhor”.<o:p></o:p></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 16 de Março de 2012</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-88656419583809117372012-01-20T11:04:00.001+00:002012-01-20T11:06:51.113+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Lá para os lados do oriente
existiu um reino situado em terras da Mesopotâmia, palavra cujo significado
etimológico é, no meio dos rios, cujos nomes são o Tigre e o Eufrates, terras
férteis e generosas, onde o maná e mel corriam com abundância e onde os
historiadores situam o berço de todas a civilizações.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pois foi por lá, nesse reino de
sultões e de califas, frequentemente atravessado por caravanas que do extremo
oriente traziam as sedas e as especiarias, o ouro o incenso e a mirra, que se
formou uma quadrilha de 40 ladrões, que assaltavam as caravanas e guardavam os
tesouros roubados numa gruta, em cuja entrada havia um enorme rochedo que se
abria quando as palavras mágicas “abre-te sésamo” eram pronunciadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ora um belo dia, andando por ali
a apascentar meia dúzia de cabras, um belo, simpático e pobre rapaz chamado Ali
Baba, ouvindo chegar no meio de grande poeirada os 40 ladrões montados nos seus
camelos com o produto do roubo, escondeu-se e ouviu as palavras mágicas que
abriram a gruta. Quando os ladrões se foram embora, o Ali Baba dirigiu-se à
entrada da gruta, gritou “abre-te sésamo”, viu o rochedo abrir-se e lá dentro
encontrou o maior dos tesouros que um homem pode imaginar e que o transformaram
num aventureiro romântico e protagonista de inúmeras peripécias.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
No reino de Valdecacos, temos uma
instituição há muitos e muitos anos governada por um Ali Baba e 40 figurões,
mas em contraponto com o lado romântico e aventureiro do Ali Baba do oriente, o
Ali Baba de Valdecacos, é um personagem com um ar sinistro e um passado
tenebroso, de carnes balofas e um cumprimento húmido e pegajoso que provoca
arrepios. Os 40 figurões, ao longo dos anos e rotativamente, são convidados,
manipulados, usados, comprometidos e descartados quando aprendem demasiado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Tantas e tão poucas o Ali Baba
foi aprontando ao longo dos tempos, umas com menos e outras de maior gravidade
que a sua posição se tornou insustentável, as carradas e carradas de presuntos,
salpicões, linguiças, alheiras e vinho, já não convencem ninguém, e as pressões
foram de tal ordem que o Ali Baba teve de abdicar mas ficaram os 40 figurões,
alguns com uma escola pouco recomendável, o que não augura nada de bom, outros
não tão mal intencionados mas que dizem a tudo que sim, a troco de uma merenda
gratuita.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Ali Há Latas, ligado aos
negócios estrangeiros, há longos anos residente no reino da Flávia embora nado
e criado no reino de Valdecacos, foi a personagem escolhida para substituir o
Ali Baba. Homem de personalidade forte, com um passado combativo e impoluto,
esperemos que entre na gruta dos tesouros e mude as palavras mágicas mas não as
revele a ninguém, caso contrário pela calada da noite quando se encontrar na
Flávia a descansar, os que agora vão embora contra a vontade, voltarão para
continuar a fazer aquilo em que estão viciados e todos sabemos como é grande a
força do vício.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Teremos então mudança e ruptura
com um passado que nos envergonha a todos, ou tudo isto não passará de uma
encenação para esconder os podres que todos sabemos que existem e que se não
forem erradicados, acabarão por contaminar mesmo o melhor dos intencionados?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Cuidado Ali Há Latas! No melhor
pano cai a nódoa, e a gruta que durante tantos e tantos anos o Ali Baba
considerou como sua, está cheia de lâmpadas de Aladino, mas estas com génios do
mal embebidos numa gordura peçonhenta e mal cheirosa, cuja nódoa quando cai mesmo
no melhor dos panos, é praticamente impossível de tirar.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no Jornal "Tribuna Valpacense" em 02 de dezembro de 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-4409653368933994092011-11-28T11:58:00.001+00:002011-11-28T11:59:56.183+00:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIESoube há pouco tempo que aquando
da visita do Barão de Boliqueime Dom Regressado Silva ao reino de Valdecacos
para inaugurar o agrupamento escolar, estaria prevista uma manifestação com
cartazes empunhados por alguns ex-trabalhadores do hospital, mostrando o seu
descontentamento pelo encerramento do mesmo, com todas as consequências
negativas que daí vieram para as populações e também pela perda do posto de
trabalho numa época de crise em que o desemprego aumenta assustadoramente. <br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Soube também que os cartazes
acabaram por não aparecer por pressões várias do Barão de Ferreiros Dom Xico
Mirandum, para quem pelos vistos, o direito à indignação e à manifestação do
desagrado pela perda de um equipamento fundamental para o povo como era o
hospital é menos importante que a imagem idílica, prosaica e cordata das
criancinhas a bater palmas, num esquema ensaiado por professores e políticos
que me fez lembrar as visitas do finado Almirante Américo Tomás, não faltando
no fim da cerimónia um opíparo almoço para as entidades, pois ao contrario do
sol, a crise quando nasce não é para todos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Não houve um só ano desde a
revolução de Abril, em que a dívida do condado Portucalense e de todos os
reinos que o compõem não tivesse aumentado, encontrando-nos neste momento a
braços com a maior crise de sempre. Os políticos, todos eles, gastaram o que
tinham e o que não tinham, e quantos mais anos passaram no poder mais gastaram.
Tanto no poder central como no poder local.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Quem não conhece obras faraónicas,
obras desnecessárias, subsídios mal atribuídos, subsídios não aplicados na
finalidade com que foram obtidos, ordenados chorudos, senhas de presença
principescamente pagas por empresas públicas, viagens sumptuosas, carros topo
de gama, assessorias mal justificadas e pagas a peso de ouro, etc. etc.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>etc.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pois agora o discurso
politicamente correcto é o discurso da poupança e o nosso chefe do governo Dom
Xico Mirandum, numa de bom aluno perante o afamado professor de finanças, lá
foi dizendo que deixando as aldeias do reino às escuras durante a noite já
conseguiu poupar 11 milhões de euros.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Essa quantia, daria para
construir e equipar em excelente hospital que não temos. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para construir um complexo
de piscinas com parque de campismo e um mini Zoológico na zona da Freixeda,
sonho antigo das gentes de Valdecacos, e que não temos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para apoiar a criação de
empresas de transformação na indústria agro-alimentar (castanha, figo, frutos
secos, azeitonas, compotas, etc.), criando emprego e fixando pessoas, mas que
também não temos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para adquirir, reconstruir
e conservar o pouco património histórico e arquitectónico do reino que se
encontra ao abandono…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para apoiar a criação de explorações
familiares de porco bísaro, certificando o fumeiro como se faz no vizinho reino
de Vinhais, criando emprego e fixando pessoas nas suas aldeias, fumeiro que
entra na elaboração do folar que apesar de tantas feiras ainda não saiu da cepa
torta.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para construir de raiz uma
escola profissional com cursos credíveis e virados para o mercado de trabalho,
que também não temos…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Daria para construir e equipar o
pólo universitário do Instituto Politécnico de Bragança, promessa não cumprida
de uma campanha eleitoral, com protocolo assinado e tudo, mas que não temos…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Então para que serviram os 11
milhões de poupança? Estarão na Caixa a render? Ou serviram apenas politicas
eleitoralistas que mantiveram no poder a mesma força política nos últimos 30
anos?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
As cortes do condado Portucalense
elegeram para sua presidente a Baronesa do Terreiro Dona Expropriação Esteves,
nada e criada no reino de Valdecacos, jurista com carreira invejável, e que já
tinha sido a primeira mulher a exercer funções no Tribunal Constitucional. Tendo
já tido um voto de louvor e congratulação aprovado por unanimidade nas cortes
de Valdecacos, vai agora presidir à inauguração da Biblioteca do reino. O Barão
de Ferreiros Dom Xico Mirandum que dela disse o que o Maomé não disse do toucinho,
por causa dos terrenos da zona industrial, em que o governo de Valdecacos foi
condenado a pagar um balúrdio, terá agora que dizer o contrário, o que para um político
há 30 anos no poder não é nada do outro mundo!!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Marquês dos Colmeais, Dom
Filipe Pratumba, personagem destas crónicas, há alguns anos arredado da vida
política, deixou-nos prematuramente, não passando já de saudade, as animadas
tertúlias no café Purgatório, com o Barão do Tanque Novo Dom Jota Xitunda, o
Marquês de Águas Frias Dom Tino Flávia, o Duque de Manteigas Dom Joselito de La
Estrela e Benfica e o Morgado de S. Francisco Dom Catalone El Bone. As suas
“bocas” propositadamente destabilizadoras conhecidas como “pratumbadas”,
levavam os outros intervenientes a um estado de quase apoplexia, deixando o
Marquês de Tinoni Dom Bino Flavia de olhos arregalados atrás do balcão, quando
se levantava, risonho a caminho dos Colmeais de melena ao vento, depois de ter
provocado a maior das confusões. Imagino-o agora, na restinga do Lobito
sentindo a brisa do mar e olhando o por do sol ímpar daquele rincão africano
que ele tanto amava.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 04 de Novembro de 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-1190931592182549672011-10-27T08:21:00.001+01:002011-10-27T08:21:10.181+01:00CRÓNICAS DO REINO SÉRIE IV<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Lá se passaram as mais
importantes festas do reino de Valdecacos, ou seja, as festas da Sr.ª da Saúde,
que durante mais de 60 anos foram feitas e geridas pelo povo, característica essa
que lhes conferia uma genuinidade impar, mas com o passar dos anos, por
passividade, ingenuidade ou mesmo cumplicidade do próprio povo (ou pelo menos
parte dele), foram completamente subvertidas e são agora dominadas pelo clero e
pela nobreza, transformando-se numa mera manifestação de manipulação e poder. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
No último dia de Agosto em plena
semana das festas do reino de Valdecacos, numa atitude de completa
subalternização ao vizinho reino de Mirandum, que tinha tido as suas festas
como habitualmente no primeiro domingo de Agosto cheias de pompa e
circunstancia, pois no dia 31 de Agosto a capital do reino de Mirandum teve lá
a televisão do estado durante várias horas no programa “Verão total” com
actuação de vários artistas sendo a cereja no cimo do bolo o famoso Dom Toni
das Carreiras, a nós nesse mesmo dia mandaram-nos cá o filhito Dom Miguelito
das Carreiras, para dar inicio ao programa que nos acompanha todo o ano e que é
a “Pasmaceira Total”.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A procissão onde os sentimentos
de recolhimento, fé, esperança e caridade estão cada vez mais ausentes, mais
parece um desfile político-militar como os que havia do 1º de Outubro na praça
vermelha em Moscovo no tempo do Brejnev.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Tive o cuidado de acompanhar a
procissão e pude observar com estes que a terra há-de comer, o Barão de Ferreiros
Dom Xico Mirandum ser cumprimentado e retribuindo por pessoas colocadas ao
longo do trajecto pelo menos umas 700 vezes, eles eram amigos,
correligionários, subsidiados, compadres, favorecidos, desempregados e afins…</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O presidente das Cortes Dom
Juanito de La Bisabuela lançando olhares furtivos à esquerda e à direita e com
a cara circunstancial que ele tão bem sabe fazer, iria provavelmente ruminando
a ideia de que os tempos de destaque e de abundância estão a terminar…</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O Marquês de Calavinhos Dom
Milkes Varredor provavelmente sonhando com futuras procissões em que ele será o
mais cumprimentado…</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O alcaide de Valdecacos e Marquês
de Piscaneto Dom Zé Generoso, cogitando nas dificuldades que terá em estender
uma vitória eleitoral a todo o reino, ultrapassando as fronteiras da capital…</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Surpresa das surpresas a presença
do Duque de Manteigas, Dom Joselito de La Estrela e Benfica. Ninguém me tira da
cabeça que estará a preparar a candidatura à alcaideria de Valdecacos,
provavelmente contando acima de tudo com o apoio dos benfiquistas pois os rosas
estão na mó de baixo…</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se é certo que os andores não são
mísseis, embora algumas beatas discutam entre si a potencia o alcance e o custo
de cada um dos santos, dizei-me lá se isto não parece um desfile
político-militar!!</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O presidente do Condado
Portucalense, esteve no reino de Valdecacos a inaugurar as novas instalações do
agrupamento escolar. Excelentes instalações diga-se de passagem, decididas,
financiadas e quase totalmente executadas durante o governo do Visconde de Vilar
de Maçada Dom Zé Trócaste. Não sei se alguém nos discursos e na assistência
teve uma palavra de agradecimento ou sequer se lembrou dele, julgo que não,
como vedes a vida tem destas coisas difíceis de explicar e de entender. Um
cartaz empenhado por dois corajosos velhotes, alertava o Barão de Boliqueime
Dom Regressado Silva, que não é só de rotundas, centro escolar, e monumentos
que se faz uma cidade. Para a grande maioria dos habitantes do reino, idosos e
com pouca mobilidade o encerramento do hospital foi a mãe de todas a tragédias.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se o povo do Condado Portucalense
treme com a chegada dos elementos da Troika, que obriga o nosso governo a
fazer-nos todas estas maldades, nós no reino de Valdecacos temos a Troika da
Confraria, ou seja, o Marquês de Alfarelos, filho Del Rei Dom João VI, o
Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais e o Conde de La Bodega Dom Gualter de
Los Jamones, cujo poder pelos vistos ultrapassa o do governo de Dom Xico
Mirandum, das cortes de Dom Juanito de La Bisabuela, dos médicos liderados pelo
Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, dos enfermeiros, dos técnicos, dos
trabalhadores, etc etc etc.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Se uma Troika incomoda muita
gente, duas Troikas incomodam muito mais. Desgraçado povo do reino de
Valdecacos que tanto tens penado e ainda terás que penar.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Até Breve</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 16 de Setembro de 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-72653831845655458992011-09-15T09:44:00.001+01:002011-09-15T09:44:27.544+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ora aí estamos nós, em mais um
Agosto do nosso contentamento. As ruas enchem-se de automóveis com matrículas
esquisitas, alguns deles verdadeiros topos de gama que nos deixam com a boca
aberta de espanto! De janela aberta, braço de fora e musica do Toni Carreira
com os decibéis quase no máximo, são os nossos emigrantes, a matar saudades da
família, do sol e das paisagens deste jardim à beira mar plantado, do qual o
nosso reino também faz parte, embora numa situação um bocado esquecida e
periférica, tão esquecida e tão periférica que a água do jardineiro-mor chega
cá em escassa quantidade e a pouca que chega é mal distribuída, uns bebem muito
e outros quase nada! Como se isto não bastasse ainda existem por aí uns ramais
clandestinos, que vão transformando esta parte do jardim longe do mar plantado
num autêntico sequeiro, as flores vão estiolando aos milhares, substituídas por
um mato seco e rasteiro, que qualquer faísca ou ponta de cigarro transformarão
num inferno dantesco para tudo terminar em escombros e em cinzas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Cinzas, é o que estamos a ver em
Londres, capital do reino de Inglaterra, onde a violência e a barbárie saíram à
rua pelas mãos da juventude, que normalmente são as mais generosas de todas as
mãos! Tão generosas que no reino da Noruega quase oitenta jovens foram imolados
em nome de ideias que no mundo ocidental vão grassando e crescendo como a
levedura no pão.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pelas televisões entram-nos
diariamente em casa cenas de violência, de fome, de desemprego, de náufragos, de
refugiados. Tal como mancha peçonhenta de óleo, a crise alastra pela Europa
fora. Agora já não são só os reinos de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, os
famosos PIGS, que lutam contra a crise, os reinos de Itália e de França já
tremem com a especulação dos mercados. Até a América, a maior economia do
mundo, deu sinais de fraqueza provocando um crash bolsista, alarmando ainda
mais os mercados. O presidente Dom Barraca Abana, homem em que todos
depositávamos grandes esperanças, tem-se visto mais grego que os gregos para
lidar com a situação. Cá dentro vão-nos limpar metade do subsídio de natal,
subiram os transportes e vai subir o IVA, puseram na rua os boys para entrarem
“especialistas”, venderam o BPN pelo preço de um jogador de futebol e a culpa
não é do Visconde de Vilar de Maçada Dom José Trócaste?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Como é possível haver tanta
desgraça no reino Portucalense na Europa no mundo e não há um jornaleco, uma
estação de TV ou de rádio ou alguém que lhe aponte o dedo? Estávamos tão
habituados a que isso acontecesse e ficávamos tão tranquilos quando ele arcava
com as culpas que às tantas todas estas maldades continuam a ter por detrás o
dedo do Dom José Trócaste!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Deixemos a Europa o mundo e o
Condado Portucalense, regressemos como os emigrantes ao reino de Valdecacos,
onde foi recentemente inaugurado um espaço de diversão nocturna, ao qual ainda
não tive oportunidade de ir, mas que me disseram estar decorado e apetrechado
com o que há de melhor, podendo vir a tornar-se num ponto de referência para
toda a região. Ao Marquês da Torralta Dom Teotónio Limões, empresário que se
meteu em mais esta aventura, os meus sinceros votos de êxito no empreendimento.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Estamos a menos de um mês das
festas da Nossa Sra. da Saúde. Já estou a imaginar a procissão, os andores, as
bandas, as autoridades civis e militares, o arcipreste, os acólitos, as
figuras, os anjinhos e o povo. Será agora muito mais difícil à Sra. da Saúde
fazer milagres estando o hospital fechado. Espero que os responsáveis pelo
encerramento, não tenham a desfaçatez e a pouca vergonha de, afivelando a
mascara de beatos, acompanharem a procissão da padroeira do hospital. Aos
responsáveis religiosos e da comissão de festas, deixo-vos a sugestão de na
procissão das velas, quando trouxerem a imagem da Nossa Sra. da Saúde para a
igreja matriz, façam um desvio e passem pelo largo do hospital. Quem sabe um
milagre não acontece?<o:p> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
PS: Houve no vizinho reino de
Mogadouro um evento publicitado em vários cartazes pendurados nos viadutos que
atravessam os itinerários principais, com os seguintes dizeres “REDBURROS FLY
IN”. Pois consta-se que estará a ser preparado um evento idêntico para o ano de
2013 no reino de Valdecacos, com o alto patrocínio do Marquês de Piscaneto Dom
José Generoso, e que se designará “ORANGEBURROS FLY OUT”.</div>
<br />
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 12 de Agosto de 2011Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-26409280125494569362011-07-25T12:06:00.001+01:002011-07-25T12:10:50.716+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<div align="justify">Quem vem do Porto pelo IP4, depois de atravessar o reino encantado de Miguel Torga, quando nos aproxima-mos dos reinos de Alijó e da Porca, vemos alguns placards informativos na berma da estrada de cor castanha e tamanho grande com os seguintes dizeres: “ALTO DOURO VINHATEIRO.PATRIMÓNIO MUNDIAL”. Trata-se do reconhecimento por parte da UNESCO do património paisagístico que o homem com força de vontade e de braços vem construindo e preservando há centenas de anos, nos milhares de socalcos que fazem parte da mais antiga região vinícola demarcada do mundo, e cuja exploração em termos turísticos vai de vento em popa.<br />Pois nas entradas norte, sul, este e oeste do nosso reino, vão ser colocadas placas idênticas com a seguinte informação: “BAIXO VALDECACOS PEPEDEIRO, PATRIMÓNIO MUNDIAL DO CACIQUISMO”.<br />Há mais de vinte anos que não se via no reino de Valdecacos um cozinhado em “banho-maria”, como o que se viu na eleição para a comissão de pais do agrupamento escolar. O governo de Dom Xico Mirandum resolveu por motivos de estratégia política, dar o beneplácito à lista que apoia o irmão de Dom Caím Conde do Cutelo Melhor. Trata-se dum personagem com cartão laranja, é enteado do presidente das Cortes Dom Juanito de Lá Bisabuela, será uma correia de transmissão do poder, não fazendo grandes ondas e ao mesmo tempo retiram-no da corrida à sucessão de Dom Xico Mirandum, sonho antigo e sempre acalentado pelo próprio, mas que poderia vir lançar mais confusão num processo que se antevê complicado.<br />O presidente das Cortes Dom Juanito de La Bisabuela meteu ombros à tarefa, convocou os alcaides necessários para angariar e transportar pessoas, requisitou os serviços da irmã do irmão de Dom Caím Conde do Cutelo Melhor, responsável da área social do governo, para fazer umas ameaças ao subsidio-dependentes e aos do rendimento mínimo, e foi um espectáculo digno de se ver, primeiro nas imediações do centro cultural depois dentro da sala, como se de uma autêntica festa tauromáquica se tratasse, as xicoelinas, os passes de peito, os derechazos, as manoletinas e os cabrestos, conduziram os matarruanos, os chavorrêlhos, os bragançanos e os subsidiados às urnas, para votarem numa lista de pais que apoia para director um professor que perdeu as eleições entre os seu pares por quase 80% dos votos.<br />Como se tudo isso não bastasse houve gente a mais para o tamanho do recinto, houve empurrões, houve insultos, havia gente com bebidas alcoólicas e alguns já bem compostos, enfim foi uma sorte não se ter dado uma tragédia.<br />Não foram motivos de ordem científica, ou de ordem pedagógica, ou tendo em vista uma maior autonomia da escola, ou qualquer preocupação com o futuro dos alunos que motivaram estas movimentações. Tratou-se apenas de uma demonstração gratuita de poder pelo poder, dum partido que se enquistou e que se julga dono de tudo e de todos, que não tem nada a ver com o partido do Marquês de Vila Real Dom Passos Guedelho, cujas atitudes até à data demonstram abertura à sociedade civil e um corte com os dinossauros e com as politicas do passado. No reino de Valdecacos ainda vigora para mal de todos nós o partido do Visconde de Maricá Dom Espadarte Lima e do Marquês da cidade da Praia Dom Dias Matreiro.<br />Os responsáveis pelo encerramento do Hospital de Valdecacos, continuam a passear-se no meio de nós com a maior desfaçatez. Até quando vamos permitir que isso aconteça? Esta verdadeira tragédia que aconteceu no nosso reino, provavelmente a maior desde a revolução dos cravos, teve como consequência uma aproximação de posições entre o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, e o Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña. Esta situação tem provocado um certo alvoroço a alguns elementos da nomenclatura laranja e da “entourage” rosa, tendo em vista os posicionamentos para a próxima corrida eleitoral. Consta-se que um dos mais irritados com esta situação é o Marquês de Alfarelos, filho Del Rei Dom João VI. Aqui há dias ouviram-no comentar referindo-se aos dois personagens supra-citados que “só lhes falta passearem de mão dada”.<br /><br />Até Breve</div><div align="justify">Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 08 Julho de 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-870868795110734762011-07-01T16:55:00.003+01:002011-07-01T16:58:35.781+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE<div><div align="justify">Acabei de assistir ao debate televisivo entre os candidatos laranja e rosa, o último entre os vários debates, que houve entre os candidatos dos principais partidos, que no próximo dia 5 de Junho concorrem às legislativas do condado Portucalense. Quando toda a gente esperava que Dom José Trócas-te, Visconde de Vilar de Maçada, com o traquejo que toda a gente lhe reconhece nestas andanças, dominasse por completo o confronto, o inexperiente em termos governativos Dom Passos Guedelho, Marquês de Vila Real, aguentou-se bem e em alguns momentos chegou a encostar o dirigente rosa às “tábuas”, situação nunca vista em anteriores debates e que poderá representar o arranque dos laranjas rumo à vitória e à mudança que tanto desejam.<br />Aqui no reino, embora ainda faltem cerca de dois anos para as eleições e a grande maioria dos cabeças de lista para o governo e para as alcaiderias tenha de ser mudada por imperativo da lei, caso contrário ficariam no poleiro até irem “guardar os patos ao gaiato”, com direito a exéquias fúnebres de primeira categoria, oficio incluído, e os estandartes da confraria a acompanhar o cortejo, já começam a ver-se movimentações no partido que dá acesso ao poder, onde a luta poderá ser encarniçada com várias potenciais candidaturas à cadeira há longos anos ocupada pelo Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum.<br />O Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor, numero dois do actual executivo, há já longo tempo que vem manifestando esse desejo, aproveitando-se do cargo que ocupa para ir arregimentando apoios em todas as alcaiderias do reino. Foi presidente da assembleia-geral da confraria, provavelmente pensando no apoio da instituição e do status que o cargo lhe daria para suceder ao barão de Ferreiros. Demitiu-se há dias quando viu tudo a arder na confraria por causa da situação do hospital. A demissão foi a meu ver tardia e não evitou que saísse chamuscado.<br />O Visconde da Arreigada Dom António Barbarrossa, deputado às cortes do reino parece ser outro dos candidatos oficiosos à sucessão do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum. Tem a marcada desvantagem de não ser natural do reino e de não reunir grandes simpatias no aparelho partidário. Tem a vantagem de ser genro do Marquês de Viladopelo Dom Tetantero, cujo poder e influencia não podem, nem devem ser desvalorizados. Consta-se que terá também o apoio do próprio Barão de Ferreiros, assunto que não pude confirmar, mas que poderá vir a ter uma importância decisiva. Estamos habituados a ouvi-lo tecer rasgadíssimos elogios à acção de Dom Xico Mirandum à frente do governo, sempre antecedidos por excelências e excelentíssimos como convém a um político com pretensões.<br />Tenho à minha frente uma cópia da acta nº1 de 2011 das cortes do reino que se realizaram em 25-02-2001, e não resisto em transcrever uma parte do discurso de Dom António Barbarrossa, “ O hospital de Valdecacos vai abrir ao público possivelmente até à Pascoa, esperamos todos que o hospital mantenha as várias especialidades, valências e naturalmente os postos de trabalho. Fazemos votos de que se mantenha o serviço de urgências permanente e durante as 24 horas do dia, e assim sendo não será necessário que o povo saia novamente á rua, não serão precisas mais manifestações, tudo voltará à normalidade. Valdecacos deixará de ser noticia e não abrirá nos próximos tempos os telejornais. Não posso deixar de salientar e de sublinhar o papel fundamental de excelentíssimo chefe do governo de Valdecacos em todo este processo, sem a sua intervenção estamos todos certos, o hospital não reabria portas, pelo menos não abriria as suas portas tão rapidamente”.<br />Como vemos o discurso tem todas as características para um político ter sucesso. Quando mais desfasado da realidade, melhor!<br />PS: Todos vimos um dos mais poderosos homens do mundo, o director do FMI Dominic Strauss-Khan, acabrunhado, algemado e humilhado a caminho do tribunal de Nova Iorque acusado dum crime de natureza sexual…<br />Na América a justiça é igual para todos. No condado Portucalense e no reino de Valdecacos é o que se sabe e o que se vê…<br /></div><div align="justify">Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 28 de Maio de 2011<br />Até Breve</div></div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-28006542879767589842011-05-09T10:59:00.008+01:002011-05-11T12:38:29.681+01:00CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIEA revolução dos cravos faz 37 anos dentro de dias. Eu ainda conheci os tempos tristes da ditadura, do atraso cultural, da pobreza, da censura, da PIDE, da guerra colonial, da emigração a salto, da fome, das manifestações prontamente reprimidas com cargas policiais, do acesso à educação só para alguns, dos ordenados de miséria, dos grandes latifúndios, do trabalho escravo de sol a sol por uma côdea de pão e um quartilho de vinho, da igreja ao lado dos ricos e poderosos, da justiça para poucos, da saúde só para os que podiam pagar, etc. etc…<br />Foram quase 50 anos que o povo aguentou esse regime saído do golpe de estado do 28 de Maio de 1926, e quando caiu, numa revolução calma e tranquila, praticamente sem tiros, num país em que cerca de 1 milhão de homens tinha passado pelos 13 anos das guerras de África, foi grande a admiração por toda a Europa e pelo mundo, pela maneira civilizada e com poucos sobressaltos com que fizemos a nossa transição para a democracia.<br />Alguns analistas e historiadores que anos mais tarde escalpelizaram os primeiros anos da nossa revolução, inclusive o PREC, que durante o verão quente de 1975 ia fazendo vacilar a nossa ainda incipiente democracia, são unânimes em afirmar que o regime fascista estava podre, e como a fruta podre cai da árvore ao mais pequeno abanão ou mesmo sem se lhe tocar, também o antigo regime caiu com armas que em vez de tiros dispararam cravos, para alegria e satisfação popular, com imagens que agora se repetem quase 40 anos depois, nalguns reinos do norte de África e do médio oriente.<br />Aqui no reino de Valdecacos, existe uma confraria cujos dirigentes ainda vêm do tempo do antigo regime, também já apodreceram há muito e ainda não se aperceberam, ou então já deram conta, mas fazem de conta que não deram!<br />Na ultima reunião das Cortes do reino, todos os deputados e todos os alcaides com excepção do alcaide se Sem Fins que se absteve, votaram a favor duma resolução apresentada pelo Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, em que era pedido ao chefe do governo Dom Xico Mirandum, que se candidatasse a confrade mor pois teria o apoio de todas as forças politicas e de toda a população. Esta solução é por todos apontada como a mais conveniente e provavelmente a única que permitirá a reabertura do Hospital de Valdecacos, assim como garantirá o fim do clima de conflitualidade gerado pela actual mesa administrativa da confraria e que está a por em risco a sobrevivência da própria instituição. Toda a gente entende isto! Só o confrade mor, o vice confrade mor, e os confrades mesários parecem não querer entender!<br />O povo já saiu à rua por duas vezes e como não há duas sem três, qualquer dia entra pela confraria dentro liderado pelo Marquês de Puralina, Dom Tião Cidade das Neves (daqui lhe tiro o meu chapéu pela coragem e determinação com que defende a causa do Hospital), e tal como a Padeira de Aljubarrota chega-lhes uma pá do forno para expulsar de lá para fora essa gente que tanto mal tem feito ao nosso reino. Porém ao contrário de Dona Brites de Almeida era assim que se chamava a Padeira de Aljubarrota, as padeiras de Valdecacos e eu conheço algumas que já andam a treinar, estão mortinhas por desancar no confrade mor e seu muchachos e voltar a por os Espanhóis no Hospital.<br />Para terminar deixo-vos uma história que me chegou ao conhecimento, passada no tribunal do reino em que são intervenientes duas personagens que fazem parte destas crónicas, e que não valerá a pena identificar, pois pela qualidade do diálogo os leitores verão logo de quem se trata:<br />ADVOGADO- Doutor, antes de fazer a autópsia o senhor verificou o pulso da vitima?<br />PERITO – Não.<br />ADVOGADO – O senhor verificou a pressão arterial?<br />PERITO – Não.<br />ADVOGADO – O senhor verificou a respiração?<br />PERITO – Não.<br />ADVOGADO – Então é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?<br />PERITO – Não.<br />ADVOGADO – Como é que o senhor pode ter a certeza?<br />PERITO – Porque o cérebro da vítima estava numa bacia em cima da mesa.<br />ADVOGADO – Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?<br />PERITO – Sim, é possível que ele estivesse vivo e a tirar o curso de direito nalguma universidade!!!<br /><br />Até Breve<br />Publicado no jornal "tribuna Valpacense" em 08 de Abril 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-92141062268088514912011-03-21T15:29:00.001+00:002011-03-21T15:31:45.228+00:00CRÓNIAS DO REINO IV SÉRIE<div align="justify">Tive um encontro imediato de 3º grau. Decorriam na modorra habitual os últimos dias de Outubro do ano que findou, neste triste reino de velhos e compadrios, perdido no meio das serras duma”jangada de pedra” cujo final de viagem se antevê trágico. De repente uma luz branca e intensa mais brilhante que o sol (onde é que eu já li isto?), entrou na minha cabeça e fragmentou-se em biliões de estrelas cintilantes que me levaram para um mundo com dimensões completamente desconhecidas e estranhas para mim. Contactei com gente de outras galáxias com um nível de conhecimento muitíssimo superior ao nosso, senti uma paz interior e um sentimento de felicidade indescritíveis, estive em locais que vão para além da imaginação, desloquei-me à velocidade do pensamento que é muito superior à da luz, tive a percepção plena como é pequeno o nosso reino e primitivo o nosso mundo.<br />Durante mais de três meses percorri sistemas estrelares e galáxias inatingíveis, vivi numa dimensão completamente desmaterializada, os extra-terrestres entraram no meu corpo e eu no corpo deles, tenho a vaga ideia de me ter sido implantado um “chip” no cérebro para que a nossa comunicação fosse perfeita, como de facto aconteceu.<br />Regressei há pouco tempo e tenho estado a recuperar, pois não é fácil voltar a uma existência terrena, num corpo já meio gasto, depois do transcendente encontro imediato de 3º grau. Esta é a explicação pela minha ausência forçada deste contacto que convosco tenho mantido ao longo dos anos.<br />Foi enorme o meu espanto, quando por motivos de saúde relacionados com a estranha situação que acabei de vos relatar, me dirigi ao hospital de Valdecacos que encontrei encerrado e com enorme cartaz pendurado na fachada com as seguintes parangonas de alto a baixo: “A CONFRARIA QUER ABRIR O HOSPITAL”. Achei estranhíssima a situação e dirigi-me ao Centro de Saúde onde um cartaz ainda maior pendurado na frontaria dizia: “O GOVERNO QUER FECHAR ESTAS INSTALAÇÕES”. Cada vez mais perturbado, caminhei em direcção ao centro da cidade, quando reparei que no edifício da Câmara Municipal também estava pendurado um enorme cartaz de cor rosa com a seguinte mensagem: “O PRESIDENTE FARTO DO PODER QUER QUE OS MUNICIPES VOTEM NA OPOSIÇÃO”. Resolvi então apanhar um táxi para me levar ao serviço de urgências do hospital do reino da Flávia, na esperança de ver o meu problema resolvido, pedi ao taxista para passar na cooperativa do azeite, comprar um garrafão de “rosmaninho” e oferece-lo ao porteiro da urgência para um melhor e mais rápido atendimento! Espantei-me novamente com um cartaz na fachada da cooperativa oleícola que dizia o seguinte: “A DIRECÇÃO QUER QUE OS SEUS ASSOCIADOS ARRANQUEM AS OLIVEIRAS E FAÇAM LENHA QUE O INVERNO VAI SER RIGOROSO”. Já completamente desorientado e munido do “rosmaninho” para untar as mão do porteiro do hospital de Flávia, onde depois de analisado, inquirido, observado e radiografado, fui ao fim de oito horas transferido para o Porto em ambulância paga pelo estado. O bombeiro fervoroso adepto do FCP fez um desvio pelo dragão onde adquiriu uns bilhetes para vender na candonga, que a vida não está fácil. Foi então que deitado na maca, por uma nesga do vidro da ambulância, vi um grande cartaz vermelho pendurado na entrada principal do estádio do dragão onde estava escrito em letras brancas garrafais: “A DIRECÇÃO DO FCP QUER O ESTÁDIO DO DRAGÃO CHEIO DE BENFIQUISTAS”.<br />Quando contei toda esta história, os meus medos, a minha estranheza, os cartazes sem nexo, ao médico que me atendeu no Santo António, observei-lhe um sorriso tranquilizador na face, e enquanto me auscultava foi-me dizendo com uma expressão matreira de quem está senhor da situação: - este ano o carnaval começou mais cedo!!<br />A confraria fechou o hospital? Está à vista de todos!! Vai voltar a abrir? Eles dizem que sim e ainda com melhores serviços, pois em vez de médicos especialistas vão ser os autoproclamados sábios a trabalhar no hospital, tendo já sido distribuídas as respectivas valências a saber:<br />O Marquês de Alfarelos filho de El Rei Dom João VI, vai ficar com a valência de otorrino pois aquilo é só garganta…<br />O Visconde da Foz Dom Pimentel da Botica ficará com as análise clínicas e organolépticas por motivos que são óbvios…<br />Ao Dom Gualter de Los Jamones Conde de La Bodega, foi-lhe atribuída a consulta de oftalmologia pois não há melhor olho para o negócio…<br />O Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais, com o cargo vitalício de confrade-mor, fica com a consulta de ginecologia e doenças ano-rectais, pois como dizia S. Tomás de Aquino, “ a experiencia é madre de todas as cousas”…<br />Ao Conde da Betoneira Dom António Sulfuroso, foi-lhe distribuída a valência de ortopedia por ser entendido em cimentos…<br />O escriba-mor do reino Dom Pires Zás Trás fica responsável pela terapia da fala, porque a escrita já não tem remédio…<br />Ao Barão de São Pedrinho Dom Luís Maleitas, foi-lhe distribuída a responsabilidade da farmácia, pois o Visconde da Foz Dom Pimentel da Botica já velho e cansado deixou-se ultrapassar…<br />O Barão do Cossacos e Visconde de Tirapicos Dom Pernache da Lousa, fica com as consultas de psicologia, pois são difíceis, demorados e misteriosos os caminhos que levam ao poder…<br />Por último ao adorador da Deusa de Khali e Alcaide de Sem Fins, foi-lhe atribuída a contabilidade e o aprovisionamento, enquanto não se arranja acordo com o ministério para a especialidade que ele tanto almeja e que estará mais de acordo com as competências que toda a gente lhe reconhece.<br /><br /><br /><br /><br />PS: Não é o estilo mais ou menos brejeiro, ou mais ou menos jocoso com que escrevo e a que os meus leitores se habituaram, que retira da situação dramática em que se encontram os trabalhadores do hospital e as suas famílias. Para os doentes que se viram privados de uma unidade de saúde e para todos os trabalhadores sem excepção que a souberam dignificar, toda a minha solidariedade.<br /><br />Até Breve </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Plublicado no Jornal Trinuna Valpacense em 05 Março de 2011</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-29041862898542647602010-10-25T12:42:00.002+01:002010-10-25T12:43:53.308+01:00O REINO DE VALDECACOS<div align="justify">Vivemos num mundo globalizado e extremamente mediatizado, com algumas figuras públicas a serem muitas vezes transformadas em ídolos, que influenciam a maneira de ser das pessoas, e levam por vezes a um paralelismo de comportamentos que não deixam de nos surpreender. Com as devidas distâncias e actuando em campos tão diferentes, observemos e comparemos a Confraria do reino de Valdecacos com o clube de futebol que actua no estádio do Dragão, mas acima de tudo os respectivos dirigentes. O Visconde de Cedofeita Dom Bimbo da Costa é líder incontestado do FCP. Ao Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais, acontece-lhe o mesmo na Confraria. Nas últimas décadas, o FCP debaixo desta liderança, tem dominado por completo o mundo do futebol nacional. No reino de Valdecacos o campeonato das IPSS também tem sido completamente dominado pela confraria. Apesar de ambos os dirigentes, serem por vezes acusados de usarem meios menos ortodoxos para atingirem os seus fins e de verem os seus nomes na comunicação social envolvidos nalguns escândalos, acabam sempre por resolver as situações a seu favor e fortalecer as suas posições. São homens da mesma geração, nascidos no tempo da outra senhora, atravessaram a revolução de Abril sem se comprometerem politicamente, mas fazendo uma navegação sempre à vista e nunca muito distante na área do poder.<br />No entanto o mais espantoso é o facto do Visconde de Cedofeita Dom Bimbo da Costa, nas diversas actividades que desenvolve, se fazer sempre acompanhar pelo Bobby e pelo Tareco. Nas deslocações ao estádio, nas conferências de imprensa, nas reuniões da SAD, nos treinos, quando ele aparece lá estão o Bobby e o Tareco. Pois de há uns tempos para cá o Confrade Mor Dom Geninho Três Ais faz exactamente a mesma coisa, e para onde vai seja em trabalho ou lazer vai sempre acompanhado por dois acólitos, que são como que a sua sombra e cujos nomes deixarei para a imaginação dos leitores…<br />A chamada guerra do Hospital de Valdecacos, que nas ultimas semanas teve alguns desenvolvimentos que em nada beneficiam a imagem do mesmo e a credibilidade das instituições envolvidas, levou o sócio maioritário da empresa Galega que tem a responsabilidade da gestão, Dom José Pancrácio, Marquês de Ourense, a dar uma entrevista a dois jornais, um regional e outro nacional, a explicitar os seus pontos de vista. Pois no dia em que os jornais saíram para as bancas, os dois acólitos que normalmente acompanham o Confrade Mor, foram logo pela manhã a alguns quiosques e locais de venda da capital do reino e compraram todos os exemplares…<br />É velha e conhecida a história. Quando a noticia que aí vem não nos agrada, manda-se matar o mensageiro…<br />É claro que a emenda foi pior que o soneto, ou não estivesse o histórico alcaide de Valdecacos Dom Lapalino Del Sardon envolvido no assunto. Em vez de meia dúzia de jornais, foram centenas as fotocopias que chegaram ao povo, fazendo lembrar os tempos do PREC, em que a rotativa até fumegava.<br />Nas cortes do reino que reuniram na semana em que vos escrevo, o assunto dominante foi sem dúvida a problemática em torno do hospital. Pelo que me contaram parece haver um largo consenso político na defesa da manutenção dos postos de trabalho e do bom funcionamento da instituição. Tudo deverá ser feito por todos se o desígnio for esse, nada deverá ser feito que vá contra esses pressupostos. O Marquês de Ourense Dom José Pancrácio deverá suavizar e “aportuguesar” o seu discurso limando algumas arestas que o aproximem das posições da confraria. O Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais tem que mudar a sua linha de pensamento, que tem andado muito enfarelada e muito apresuntada, optando por um tipo de alimentos mais frescos, saudáveis, vitaminados e menos indigestos.<br />É um regalo para a vista, um autêntico prazer para os sentidos e o nosso coração pula de contentamento, quando vemos o espectáculo que nesta altura do ano nos proporcionam as vinhas das encostas de Rio Torto e de Parada. O Duque de Vassal Dom Mangusto Perdigão das Neves está de parabéns e oxalá a colheita seja boa e profícua para podermos continuar a usufruir desta bela paisagem. O mesmo se passa com as vinhas do Marquês de Sobreiró de Baixo, que ladeiam a estrada que liga Fornos a Santa Valha. Outras tantas haverá nas zonas de Vassal e Sonim, talvez com menos visibilidade por não se encontrarem ao pé de eixos viários, mas daqui endereço também o meus parabéns aos vitivinicultores, alertando mais uma vez para a tão necessária criação da rota dos vinhos. O mercado está difícil mas é lutando e sonhando que o mundo se constrói. Dos fracos não reza a história…<br /><br /><br />Até Breve </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 06 de Outubro de 2010</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-18348702584958939022010-09-22T12:25:00.001+01:002010-09-22T12:27:41.686+01:00O REINO DE VALDECACOS<div align="justify">Aqui há dias, ligando a televisão à hora do jantar, saltaram para o ecrã imagens da festa que a distrital laranja do reino do Marão costuma fazer todos o verões e que este ano tinha a novidade e a presença da nova liderança partidária a nível nacional que é como todos sabem o Visconde de Vila Real Dom Passos Guedelho. Como não podia deixar de ser todos os reinos da região se fizeram representar com as suas estruturas partidárias, porque embora as legislativas estejam longe, a situação de crise em que vivemos, poderá em qualquer altura desencadear eleições antecipadas, e o facto da grande maioria dos autarcas, no fim deste mandato enfrentar o espectro do desemprego politico e a consequente morte social para a qual não estão preparados e que não desejam, leva-os a<br />exibirem-se em todos os eventos, a mostrarem trabalho e fervor partidário, pois sabem que a via partidária é o único caminho de acesso para um lugar sentado à mesa do O.G.E. (orçamento geral do estado).<br />Dizia então eu que as imagens televisivas mostravam uma comitiva a descer a rua, encabeçada pelo Visconde de Vila Real Dom Passos Guedelho, ladeado e seguido por vários chefes de governos locais, quando um jornalista se acercou de microfone em riste, fazendo parar a comitiva e dando inicio a uma curta entrevista sobre temas nacionais, desde as SCUTS até à revisão constitucional.<br />Enquanto a pequena entrevista de rua continuava, o câmara-men televisivo ia focalizando as personagens que ladeavam o entrevistado, e que eram os chefes dos governos de Vila Mouca e do Boticário de um lado, e os chefes dos governos da Flávia e do Marão do outro, todos eles com as chamadas caras de circunstância, que as pessoas fazem quando em frente de uma câmara televisiva ladeiam um personagem que está a ser entrevistado. De repente eu e mais dois milhões de portugueses que sintonizavam aquele telejornal, demo-nos conta que por detrás de um dos ombros de Dom Passos Guedelho, havia uma cabeleira a encimar uma testa, uns olhos e a metade superior do nariz, que tentavam furiosamente mostrar-se à câmara, tarefa inglória e difícil mas que a mim me não passou desapercebida. Era o nosso Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, a dar sem querer uma imagem fiel daquilo que tem sido a politica e consequentemente o destino do reino de Valdecacos nos últimos trinta anos.<br />Já o vimos espreitar por de trás de Dom Mário Só Ares e do Prof. Mota Pinto. Já o vimos espreitar por de trás do Barão de Boliqueime Dom Acabado Silva e do Visconde do Fundão Dom Toneca Guterres. Também já espreitou por de trás do Barão do Lila Dom Furão Barroso e do Marquês da Figueira Dom Santana Flopes. Ainda não há muito espreitava por detrás do Conde de Gaia Dom Filipe Às Vezes e do Marquês de Vilar de Maçada Dom Zé Trocas-te. Esta tem sido a sina do chefe do governo do reino de Valdecacos! Espreitar por detrás do ombro das lideranças, à procura não sabemos bem de quê, e julgo que ele mesmo é capaz de também não saber, arrastando com ele todo o povo dum reino, que como ele apenas espreita atrás do ombro dos reinos vizinhos o progresso que nos passa ao lado.<br />Onde o nosso reino tem progredido imenso é no aparecimento de associações locais sem fins lucrativos e ditas para o desenvolvimento, que vivem quase exclusivamente de subsídios. É esta aliás uma maneira de financiar com o dinheiro dos contribuintes, actividades que raiam um caciquismo primário, próprio de países terceiro mundistas. Em próximas crónicas abordarei este assunto com mais pormenor…<br />O tempo continua quente, aborralhado, mas sem aquelas trovoadas de antigamente em que o estarrinco e o ribombar dos trovões me faziam correr assustado para debaixo de uma cama quando era criança. Como a electricidade ia sempre abaixo, era a luz do relâmpagos que enchia momentaneamente o quarto de sombras fantasmagóricas, cuja memória ainda hoje me arrepia. Já não há tempestades como as de antigamente! Anda por aí apenas um “faísca “ de baixa voltagem, cuja luz não vai mais longe que a dum pirilampo…<br /><br />Até Breve </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Publicado no Jornal "Tribuna Valpacense", em 06 de Setembro de 2010</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-1503164216903615752010-07-28T12:33:00.002+01:002010-07-28T12:35:50.950+01:00O REINO DE VALDECACOS<div align="justify">O reino de Valdecacos prepara-se para atravessar mais um verão quente, não em termos políticos, pois por aí as coisas parecem calmas pelo menos aparentemente, mas em termos climatéricos. Depois de um dos invernos mais chuvosos de que há memória, que teve como consequência o crescimento desmesurado de ervas e gramíneas por tudo quanto é sítio, e que agora secas por este sol abrasador são um autêntico barril de pólvora pronto a explodir e a transformar o reino de Valdecacos num autêntico braseiro. Se não houver um cuidado extremo por parte de todos, e nestas circunstancias mais vale prevenir que remediar, as entidades que fazem parte do gabinete de protecção civil do reino, devem reunir-se e criar equipas de que farão parte bombeiros e GNR, para percorrerem as mais diversas localidades do reino em acções de sensibilização junto das populações.<br />Com o mês de Julho já iniciado, vamos assistindo por todo o país e por alguns reinos vizinhos a iniciativas de todo o género, desde festivais para animar a malta, a feiras que procuram reanimar a economia, tão depauperada pela crise que afecta o mundo inteiro e a Europa em particular, só aqui no reino de Valdecacos as iniciativas pecam por defeito e a vida continua no seu rame rame habitual.<br />Aqui bem perto, na região do Douro, cuja classificação como património mundial começa a dar os seus frutos, multiplicam-se iniciativas turísticas e culturais, nascem como cogumelos em dias de chuva quintas que são transformadas em hotéis de charme, abrem restaurantes gourmet, passeios de barco e de comboio são procurados por turistas de todo o mundo, rotas do vinho e gastronómicas, cursos para enófilos, a evocação permanente de grandes escritores da língua portuguesa e a sua ligação às gentes e à terra duriense (Camilo e Eça entre outros).<br />Então e nós? Vamos ficar parados? Quem é que se atreve a dar o pontapé de saída?<br />Nós que agora já nem pertencemos ao Douro, fazemos parte do pequeno grupo de reinos do Alto Tâmega, integrados numa região mais vasta que inclui os reinos da Terra Quente e Terra Fria Transmontana e que são muitos, o que é que nós temos que possa ser potenciado de forma a servir de motor para um desenvolvimento sustentado, que combate a maior praga que nos aflige, que nos vai tirando as forças e acabará por nos destruir, se não lhe dermos uma luta sem tréguas, e que é como já todos imaginamos a desertificação. Todos os reinos da nossa comunidade Transmontana tem belas paisagens, são propícios à caça, à pesca, ao turismo de natureza etc. Todos os reinos da Terra Quente têm bons vinhos e azeites. Todos os reinos da Terra Fria têm boa castanha e boa carne. Então o que é que nos distingue? Qual é a aposta que devemos fazer? Ainda iremos a tempo de fazer algo que potencie o futuro do reino de Valdecacos? Eu julgo que sim, e acho que quem de direito poderá tomar como suas estas minhas ideias, pois como sabeis eu não existo, apenas escrevo.<br />O que nos distingue em relação à comunidade em que estamos inseridos, que vai do reino Bragançano, e do Planalto Mirandês, até aos reinos de Monte Triste, Vila Mouca, e da Flávia, é a nossa centralidade, e o facto de o nosso reino ter dentro das suas fronteiras a Terra Fria e a Terra Quente Transmontanas. Há que dar importância a esta nova centralidade que o reino de Valdecacos adquiriu com a nova reorganização político-administrativa. Mas então se os outros têm tudo que nós temos o que é que vamos potenciar? Pois vamos potenciar o facto de sermos a sede da região vitivinícola de Trás-os-montes, e apostar forte no museu do vinho e sede da região vitivinícola, no apoio aos produtores, nas rotas do vinho, em cursos vitivinícolas, em roteiros gastronómicos, no intercâmbio com confrarias de enófilos e gastronómicas, vamos aproveitar o facto de sermos vizinhos da região do Douro e tirar partido de algum do fluxo turístico para aí dirigido. Saibamos criar algo de bom e genuíno, algo que valha a pena ser visitado, apostemos na divulgação dos vinhos da região, incentivemos os restaurantes a elaborar cartas privilegiando os vinhos transmontanos. Os primeiros passos já estão a ser dados por alguns produtores independentes e algumas adegas cooperativas. Os responsáveis da comissão vitivinícola transmontana tem que ter uma mentalidade aberta e saber ultrapassar as fronteiras do reino de Valdecacos, criando uma instituição em que todos se sintam representados e saibam acima de tudo que no reino de Valdecacos irá existir a breve trecho um local que será sala de visita de todos os produtores de vinho de Trás-os-Montes, com visitas guiadas ao museu, provas de vinhos, cursos de enofilia, degustação de fumeiros, folar e produtos regionais. Tudo isto claro está potenciando o negócio de todos estes produtos e artigos com eles relacionados.<br /><br /><br /><br /><br />PS: As conversas de café das últimas semanas, giram todas à volta da abertura do bar das piscinas, e da sua concessão sem concurso a um funcionário da câmara recem reformado! Comentário premiado “Reformou-se da câmara mas não do partido”.<br />O prémio comandante Valdessapos deste mês vai para o Arcipreste Dom Papalves, a propósito das tiradas com que continua a brindar os paroquianos do alto do púlpito, a propósito do casamento entre pessoas do mesmo sexo e que são irreprodutiveis.<br /><br />Até Breve </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Publicado no Jornal "tribuna Valpacense" em 03 de Julho de 2010</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-77590579556779951002010-06-29T08:19:00.003+01:002010-06-29T08:22:15.931+01:00O REINO DE VALDECACOS<div align="justify">A capital do reino de Valdecacos tem um já velhinho hospital, que ultimamente tem andado pelas bocas do povo e nem sempre pelas melhores razões. Procurei informar-me sobre os acontecimentos para poder dar-vos uma notícia mais ou menos fundamentada, diversifiquei o mais que pude as fontes informativas, para poder ter uma perspectiva global dos problemas que lá existem. Tudo começou pelo abandono do cargo de gerente do hospital pelo Visconde de Manzaneda Dom Luís Praga, que se demitiu por não concordar com uma decisão do principal administrador da empresa galega que gere o hospital e que é o Marquês de Ourense Dom José Pancrácio, decisão essa que permitia a entrada dum elemento da Confraria para a gestão do hospital.<br />Dom José Pancrácio, justifica-se dizendo que não teve outro remédio, pois a Confraria comprou a quota dum outro sócio da empresa galega que controla o hospital, e como tal teria o direito de participar na gestão do mesmo.<br />O Marquês de Via Greta, Dom Geninho Três Ais foi o homem escolhido pela Confraria para a gestão do hospital, mas desde que assumiu o cargo, tem actuado mais como confrade-mor do que como gestor hospitalar, talvez por não se ter apercebido ainda que existem algumas diferenças entre ambos os cargos, de maneira que o pessoal que lá trabalha e que não é pouco, anda numa verdadeira polvorosa. Segundo se consta, o confrade-mor, dedica 90% do seu tempo à procura dum acto de gestão menos correcto, que tenha sido cometido pelo Visconde de Manzaneda Dom Luís Praga, por quem nutre um ódio de estimação que vem dos tempos da confraria, para poder incriminá-lo e metê-lo na cadeia, e os restantes 10% a classificar o pessoal que lá trabalha, entre os que ficam e os que vão embora, sem ter por base qualquer tipo de mérito ou demérito, mas apenas pelo relacionamento mais ou menos aparente seja de amizade ou outro, que as pessoas tenham tido com o Visconde de Manzaneda Dom Luís Praga.<br />Entretanto o hospital que necessita urgentemente de obras e de decisões estratégicas importantes, encontra-se completamente bloqueado, o Marquês de Ourense Dom José Pancrácio tem falado com todas as forças vivas do reino e vai procurando segurar as pontas do problema, mas sente-se impotente com um contrato a quatro anos do fim, e com um interlocutor que lhe dá pancadinhas nas costas, lhe jura amizade eterna, mas depois no terreno e no dia-a-dia faz exactamente o contrário. O confrade-mor que há dez anos abriu as portas do hospital aos galegos é o mesmo que agora os quer ver de lá para fora. Porquê? Não fizeram um bom trabalho? Será que a Confraria tem quadros com o conhecimento específico de gestão hospitalar? Será que a Confraria estará mesmo interessada em manter o hospital aberto? Será que o Marquês de Via Greta Dom Geninho Três Ais não estará completamente cego pelo ódio que o motiva? Será que estará bem assessorado e aconselhado? Será que apresentar-se como gerente hospitalar à segunda, ter uma reunião com o pessoal à terça e dizer que uma coisa é branca, demitir-se à quarta com a cara banhada em lágrimas, nova reunião à quinta dizendo que a coisa é preta e que nunca tinha dito que era branca, jantar com os confrades à sexta e dizer que a coisa não é branca nem preta, será que isto é um comportamento normal? Estará doente?<br />O Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, que é o director clínico e nas Cortes do reino tem feito intervenções a favor e em defesa do hospital, qual é o papel dele no meio disto tudo? Terá responsabilidades? Ou é só assinar papeis e papar jantares na confraria?<br />A ver vamos o desenvolvimento da situação. Será certo contudo se os intervenientes principais não passarem por cima de ódios e vaidades pessoais e não puserem o interesse do povo acima de tudo, e o interesse do povo é que o hospital permaneça aberto e a desempenhar a sua função. Se o hospital fechar por causa destas guerras pessoais, politicas, xenófobas, ou outras, os responsáveis deverão ser punidos e exemplarmente, pois não se brinca com uma instituição quase centenária que foi construída pelo povo para servir com dignidade as pessoas que o procuram.<br />Acerca de quinze dias e depois de algum tempo de suspense, o Barão de Boliqueime Dom Regressado Silva promulgou o decreto-lei que autoriza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O arcipreste do reino de Valdecacos Dom Papalves, apoiante político fervoroso do Barão de Boliqueime, estava à espera do veto presidencial que afinal não veio, ficou tão arreliado que resolveu fazer greve às suas funções durante quatro ou cinco dias. Se a comunidade gay sempre lutou pelo direito à diferença, eu também não entendo que a união civil entre pessoas do mesmo sexo tenha de se chamar forçosamente casamento! Poderiam chamar-lhe outra coisa qualquer. Mas se o casamento civil não é um sacramento ao contrário do religioso, e a igreja não o reconhece, que diferença lhe faz que seja com pessoas do mesmo ou de sexo diferentes?<br /><br /><br /><br />Até Breve<br /><br /><br /><br />Publicado no jornal "Tribuna Valpacense", em 4 Junho de 2010</div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-41532291571297141832010-05-12T11:26:00.003+01:002010-05-12T11:30:09.079+01:00O REINO DE VALDECACOS<div align="justify">Na RTPN há já dois ou três anos, ou salvo erro há mais, que nos domingos à noite, depois das notícias do horário nobre, é emitido um programa chamado “Liga dos Últimos”, em que um dos comentadores é o famoso “ Professor Bitaites”, que há uns tempos foi o principal responsável pela preparação física do FCP. Nesse programa as equipas de reportagem percorrem todos os reinos do condado Portucalense, comentando os jogos dos clubes pior classificados, das mais variadas distritais e regionais. Para alem dos comentários desportivos, fazem entrevistas a dirigentes, técnicos, massagistas, treinadores, adeptos, simpatizantes e ao público em geral, dando-nos uma perspectiva do país real, do povo que gira à volta do futebol, das suas motivações, das suas alegrias e tristezas, dos seus hábitos, dos seus vícios, da sua cultura ou em boa verdade se diga, na maioria das vezes da falta dela.<br />Seria interessante e daqui lanço um repto, para que algum canal televisivo fizesse um programa semelhante com os governos dos reinos que se encontram no fim da tabela dos indicadores do desenvolvimento e da qualidade de vida, como é o caso do reino de Valdecacos, que como todos sabemos também disputa o campeonato dos últimos. Que programa espectacular nos seria oferecido por uma equipa de reportagem instalada nos paços do governo, dando-nos uma perspectiva das reuniões da direcção, dos técnicos, das tácticas usadas, das ordens dadas, das que são efectivamente cumpridas e das que não são, da postura dos adversários, do entusiasmo ou falta dele dos adeptos, as jogadas sub-reptícias, as faltas, os erros da arbitragem, enfim tudo aquilo que tem como consequência final que estejamos a disputar a liga dos últimos!!<br />No programa futebolístico da RTPN, foi instituído um prémio designado “Prémio Capitão Moura”, para o personagem com mais destaque em termos de insólito e bizarria de comportamento! Aqui no reino também podemos instituir um para idêntico personagem, cuja designação mais adequada às circunstâncias seria de “Prémio Comandante Valdessapos”. Ora o último personagem do reino de Valdecacos a ter uma prestação televisiva digna de registo, foi o vice-presidente do governo, a propósito da Feira do Folar. Vai pois para o Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor a primeira nomeação para o Prémio Comandante Valdessapos, ficando como uma referência a ter em conta em futuras nomeações.<br />É com profunda preocupação que vejo uma instituição milenar como é o reino da Eclesiae, abalado por relatos que nascem como cogumelos em anos de chuva, de abusos sexuais sobre crianças praticados por algum dos seus membros. Se é verdade que a instituição em si não pode ser condenada pelo desvio de alguns dos seus membros, também será verdade que as hierarquias não terão dado a melhor solução às situações, sempre que tiveram conhecimento delas. O manto de silêncio e ocultação que durante décadas se quis manter sobre estes casos, tinha forçosamente de se rasgar e ver a luz do dia, num mundo global e mediatizado como é o de hoje. Embora alguns meios anticlericais, se estejam a aproveitar da situação para atacar o reino da Eclesiae, levando alguns dignitários a assumir um discurso de vitimização, não nos podemos esquecer que as verdadeiras vítimas foram as crianças, pelo que seria um acto de grande justiça e humildade de acordo com os ensinamentos do evangelho, que o actual descendente de Pedro aproveitasse a visita Papal do próximo mês de Maio ao Condado Portucalense, para em Fátima, verdadeiro altar do mundo, pedir o perdão que será o primeiro passo para a tão necessária reconciliação do reino da Elcesiae com os seus fiéis.<br />Quando eu era garoto, vi juntamente com outros miúdos um filme espanhol que nos tocou imenso e nos punha todos a chorar, sobre a história de um recém-nascido abandonado à porta de um convento. Adoptado pelos frades, o argumento desenrola-se com o crescimento e as travessuras duma criança num convento, o primeiro conhecimento de Deus e as suas conversas com Ele, terminando duma forma dramática com a morte do protagonista, motivada pela picada dum lacrau, descendo Cristo da cruz para o levar para o céu nos seus braços. O filme chamava-se “Marcelino Pão e Vinho”.<br />Nos dias de hoje e em face destes tristes acontecimentos o realizador provavelmente pôr-lhe-ia o titulo “Marcelino Pão Vinho e Vaselina”. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Até breve!</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Publicado no Jornal "Tribuna Valpacense" em 23 de Abril de 2010</div><div align="justify"> </div>Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1614682828914095817.post-77933532856537627152010-04-13T14:43:00.002+01:002010-04-13T14:46:55.955+01:00O REINO DE VALDECACOSAqui há dias, constou-me que pela primeira vez nos já longos consulados (este é o sétimo), do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum à frente dos destinos do reino de Valdecacos, foi designado de entre os seis elementos que com o presidente compõem o elenco governativo, um vice-presidente! Nos seis mandatos anteriores em que tal designação nunca foi necessária, todos tomávamos como certo que o numero dois da lista do governo, seria obviamente o substituto do presidente em caso de falta ou impedimento deste. <br />Ainda me lembro das primeiras crónicas do reino e dos primeiros mandatos, em que o lugar de vice era ocupado pelo actual presidente das cortes Dom Juanito de La Bisabuela, na altura apenas Dom Juanito de La Abuela, exímio na execução das famosas “chicoelinas”, nas altura consideradas como a “arte de bem manobrar o xico”, artes e manobras que pouco tempo duraram, pois o Barão de Ferreiros, aprendeu mais depressa do que eles pensavam, e muitos dos Barões e figurões que rodeavam e bajulavam o Dom Quintanilha da Triste Memória, ainda hoje referencia histórica dos laranjas de Valdecacos, foram colocados na prateleira com uma bandeira do partido na mão, que agitam de quatro em quatro anos, para se convencerem a eles próprios que ainda são importantes! Mostram-se nas eleições para a comissão política, tentando demonstrar uma representatividade que sabem que já perderam ou que nunca tiveram, apitam nas caravanas das autárquicas meio envergonhados com o papel que vão a fazer, mas sempre na esperança que ainda lhes chegue a vez!! Trinta anos passaram e não desistem! Já lá vai uma geração e não desistem! O de La Abuela já é de La Bisabuela e não desistem!<br />Eu cá por mim deixava-os ser, a todos esses filhos do PREC de Valdecacos, que meteu discussões acaloradas no Central e no Zé de Oliveira até altas horas de madrugada, que meteu ocupação de casas e de terras, que meteu milícias e pancadaria nos comícios, que meteu boinas pretas e atentados à bomba, que meteu actos de bravura e de cobardia, que misturou trigo com joio, que juntou pessoas bem-intencionadas com outras que nem por isso, que criou enfim a primeira geração de políticos, hoje a grande maioria deles já reformados ou na pré reforma, alguns mesmos já se passaram para o outro mundo, mas a grande maioria dos que ainda estão vivos, pelo menos daqueles que nunca chegaram ou passaram pelo poder, carregam uma grande sensação de vazio e de insatisfação, de frustração ou mesmo de revolta, ao verem o rumo que o reino tomou nas últimas décadas. Será que a vida valeu a pena?<br />Neste último mandato (por imposição legal) do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum e ao contrário do que aconteceu no cinco mandatos anteriores, não foi o segundo nem o terceiro nem o quarto das lista laranja que foi designado vice-presidente, mas sim o último. Ora como o povo na sua proverbial sabedoria diz que os últimos são os primeiros, esta designação não pode deixar de ter um significado político, mesmo que alguns a queiram desvalorizar. <br />Suponhamos que na fase final do consulado Salazarista, aquando da fatal queda da cadeira, o Barão de Santa Comba Dão, vendo que as forças lhe faltavam e não poderia continuar a governar, designava a Dona Maria, sua amada governanta durante mais de cinquenta anos para vice-presidente! Vocês já imaginaram a bronca? Como a senhora só faleceu há um ou dois anos atrás, tínhamos gramado com as retrógradas políticas fascistas e com a guerra colonial até agora!! Pois então alguns laranjas de Valdecacos estão-se a preparar para dar ao povo mais do mesmo durante os próximos trinta anos! Será que localmente não poderá haver renovação como existe a nível nacional? Que é feito dessa malta que deu o litro nas jotas partidárias, que militou, colou cartazes, que se formou em universidades estatais, que ganhou e ganha experiência em grandes empresas e em grandes cidades, alguns com lugares de chefia no país e no estrangeiro, que tem espírito aberto, novas ideias, contactos importantes, capacidade de empreendedorismo, e amor à terra que os viu nascer, suficiente para tirar o reino de Valdecacos na fossa em que esta gente o meteu e pretende que ele continue? Que é feito dos Barões do tempo do PREC? Estão velhos e cansados uns? Estão ricos e acomodados outros? Ainda haverá alguém que se preocupe com o povo? O que é feito do partido do Zé dos Anjos? <br /><br />Até breve!<br /><br /><br />Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 12 de Março de 2010Fernão Chaparutohttp://www.blogger.com/profile/09160979467493222311noreply@blogger.com2