A rentrée politica está aí, com a proximidade das eleições, festas comícios e cartazes nascem como cogumelos em dias de chuva, inundando as rotundas e encruzilhadas do reino de caras e slogans, mais ou menos bonitas e simpáticas as primeiras e mais ou menos objectivos e conseguidos os segundos.
No partido da bola ao centro, aqui no reino de Valdecacos, temos a inovadora candidatura de Dom Tião Cidade das Neves, Marquês de Puralina, militante centrista de há longos anos e seguidor de vários líderes, com provas dadas nos congressos, algumas com direito a transmissão televisiva. Se a votação que conseguir no reino de Valdecacos for proporcional ao tamanho do cartaz, teremos com certeza um Valdecacos melhorado! O tom azul-bebé do cartaz combina na perfeição com o azul dos olhos do candidato, julgo mesmo que o eleitorado feminino não resistirá a tão charmoso apelo, pelo que poderemos vir a ter uma bela surpresa na votação de Dom Tião. Se as coisas não correrem bem, poderá a breve trecho vir a ser convidado para a lista de deputados laranja às Cortes do condado Portucalense, tal como aconteceu com passados candidatos centristas. Quem sabe por altura do centésimo aniversário de Dona Manuela Azeda o Leite, que já não faltará muito!
O cartaz do partido da rosa, com uma conseguida fotografia da Marquesa da Fradizela Dona Suprema Bonçalo, apela à mudança de um rumo que já leva 30 anos, mas cuja inércia seguramente muito maior que a motivação, será difícil de inverter. Depois do Marquês das Rias Bajas, Dom Mário Alvarez, que há anos atrás nomeado pelo governo do condado Portucalense para coordenar a saúde de todos o reinos do Alto Tâmega e Marão, ter perdido as eleições em Valdecacos, temos agora a Marquesa da Fradizela, coordenadora da educação nos mesmos reinos, em risco de as perder também. Por que é que pessoas que se destacam a nível regional, e que por conhecido mérito são nomeados pelo governo central, perdem as eleições no reino de Valdecacos? Por que é que nenhum candidato laranja do reino de Valdecacos foi nomeado para algum cargo cujo poder ultrapasse as fronteiras do reino? Depois de muito pensar nesta situação, foi por um mero acaso que vim a descobrir o segredo que leva sistematicamente às vitórias o partido laranja no reino de Valdecacos.
Há cerca de 25 anos, num dia chuvoso e cinzento de Novembro, fui com um amigo a um reino distante comprar uma arma de caça e cartuchos para a dita e também para tiro desportivo. O armeiro, pessoa simpática já com perto de setenta anos, dono duma casa conceituada e com muito negócio, mostrou várias armas e tipos de cartuchos, vendeu o que quis e não o que o meu amigo tencionava comprar, e no fim celebramos o negócio na sua adega, com salpicão, vinho verde e broa de milho. Já com a língua solta pelo verde e por duas garrafas de “Casa do Arco Reserva tinto”, tiradas duma caixa que tínhamos levado para lhe oferecer, o velho armeiro virou-se para mim e confidenciou-me: - sabe meu caro amigo, sempre tive boas armas e bons cartuchos e durante muitos anos pouco ou nada conseguia vender. Os caçadores e atiradores são das raças mais estuporadas que há! Têm a mania que sabem de tudo acerca do “metier” e não sabem nada, mas o que é certo é que eu praticamente não vendia. Até que há cerca de 15 anos, tive um problema gravíssimo de saúde. Apareceu-me um tumor na cabeça e depois de percorrer vários médicos e hospitais, onde se recusaram a tratar-me por me considerarem um caso perdido, consegui que um famoso neurocirurgião no reino de Inglaterra, tivesse a coragem a arte e o engenho para me operar, tirando-me metade do cérebro. Pois a partir daí eu não falho um negócio e os caçadores e eu entendemo-nos às mil maravilhas!
Não encontro melhor explicação para o excelente entendimento entre os políticos laranja e o eleitorado rural do reino de Valdecacos. Não é preciso pensar muito para descobrir os políticos que fizeram operação idêntica!
Por fim o cartaz do partido laranja do reino de Valdecacos, mostra um Dom Xico engravatado ao seu melhor estilo, optando em termos de slogan por uma tirada de arte culinária, tão em voga nos tempos que correm. Já tínhamos o chispe com todos, o bacalhau com todos e o cozido com todos, e agora temos o Mirandum com todos!
Há um ano e meio, na primeira cónica escrita no Tribuna de Valdecacos, dissertava sobre a tentativa de silenciamento do cronista Fernão Chaparuto, orquestrada pelo Dom Milkes Varredor Marquês de Calavinhos, durante o jantar de natal dos escuteiros pago com subsídio do governo. Tive uma resposta algo abespinhada dum senhor Escudeiro C.A., referindo que o subsídio apenas tinha contemplado o bacalhau, mas que tinham levado de casa as batatas os rabos e as couves. Consta-se que no assalto laranja à alcaideria rosa da capital do reino de Valdecacos, desta vez não utilizam um cavaleiro, vai apenas um escudeiro! Será coincidência? Será que vamos ter os lobitos em próximos acampamentos á volta da fogueira, a bater palmas e a cantar “quero cheirar teu bacalhau Dom Milkes!! Quero cheirar teu bacalhau!” Ou será que o povo da capital do reino vai responder a cantar no dia das eleições “ O bacalhau quer alho!”
Errata: onde se lê “tinham levado de casa as batatas os rabos e as couves” deverá ler-se “as batatas as rabas e as couves”.
Até Breve
No partido da bola ao centro, aqui no reino de Valdecacos, temos a inovadora candidatura de Dom Tião Cidade das Neves, Marquês de Puralina, militante centrista de há longos anos e seguidor de vários líderes, com provas dadas nos congressos, algumas com direito a transmissão televisiva. Se a votação que conseguir no reino de Valdecacos for proporcional ao tamanho do cartaz, teremos com certeza um Valdecacos melhorado! O tom azul-bebé do cartaz combina na perfeição com o azul dos olhos do candidato, julgo mesmo que o eleitorado feminino não resistirá a tão charmoso apelo, pelo que poderemos vir a ter uma bela surpresa na votação de Dom Tião. Se as coisas não correrem bem, poderá a breve trecho vir a ser convidado para a lista de deputados laranja às Cortes do condado Portucalense, tal como aconteceu com passados candidatos centristas. Quem sabe por altura do centésimo aniversário de Dona Manuela Azeda o Leite, que já não faltará muito!
O cartaz do partido da rosa, com uma conseguida fotografia da Marquesa da Fradizela Dona Suprema Bonçalo, apela à mudança de um rumo que já leva 30 anos, mas cuja inércia seguramente muito maior que a motivação, será difícil de inverter. Depois do Marquês das Rias Bajas, Dom Mário Alvarez, que há anos atrás nomeado pelo governo do condado Portucalense para coordenar a saúde de todos o reinos do Alto Tâmega e Marão, ter perdido as eleições em Valdecacos, temos agora a Marquesa da Fradizela, coordenadora da educação nos mesmos reinos, em risco de as perder também. Por que é que pessoas que se destacam a nível regional, e que por conhecido mérito são nomeados pelo governo central, perdem as eleições no reino de Valdecacos? Por que é que nenhum candidato laranja do reino de Valdecacos foi nomeado para algum cargo cujo poder ultrapasse as fronteiras do reino? Depois de muito pensar nesta situação, foi por um mero acaso que vim a descobrir o segredo que leva sistematicamente às vitórias o partido laranja no reino de Valdecacos.
Há cerca de 25 anos, num dia chuvoso e cinzento de Novembro, fui com um amigo a um reino distante comprar uma arma de caça e cartuchos para a dita e também para tiro desportivo. O armeiro, pessoa simpática já com perto de setenta anos, dono duma casa conceituada e com muito negócio, mostrou várias armas e tipos de cartuchos, vendeu o que quis e não o que o meu amigo tencionava comprar, e no fim celebramos o negócio na sua adega, com salpicão, vinho verde e broa de milho. Já com a língua solta pelo verde e por duas garrafas de “Casa do Arco Reserva tinto”, tiradas duma caixa que tínhamos levado para lhe oferecer, o velho armeiro virou-se para mim e confidenciou-me: - sabe meu caro amigo, sempre tive boas armas e bons cartuchos e durante muitos anos pouco ou nada conseguia vender. Os caçadores e atiradores são das raças mais estuporadas que há! Têm a mania que sabem de tudo acerca do “metier” e não sabem nada, mas o que é certo é que eu praticamente não vendia. Até que há cerca de 15 anos, tive um problema gravíssimo de saúde. Apareceu-me um tumor na cabeça e depois de percorrer vários médicos e hospitais, onde se recusaram a tratar-me por me considerarem um caso perdido, consegui que um famoso neurocirurgião no reino de Inglaterra, tivesse a coragem a arte e o engenho para me operar, tirando-me metade do cérebro. Pois a partir daí eu não falho um negócio e os caçadores e eu entendemo-nos às mil maravilhas!
Não encontro melhor explicação para o excelente entendimento entre os políticos laranja e o eleitorado rural do reino de Valdecacos. Não é preciso pensar muito para descobrir os políticos que fizeram operação idêntica!
Por fim o cartaz do partido laranja do reino de Valdecacos, mostra um Dom Xico engravatado ao seu melhor estilo, optando em termos de slogan por uma tirada de arte culinária, tão em voga nos tempos que correm. Já tínhamos o chispe com todos, o bacalhau com todos e o cozido com todos, e agora temos o Mirandum com todos!
Há um ano e meio, na primeira cónica escrita no Tribuna de Valdecacos, dissertava sobre a tentativa de silenciamento do cronista Fernão Chaparuto, orquestrada pelo Dom Milkes Varredor Marquês de Calavinhos, durante o jantar de natal dos escuteiros pago com subsídio do governo. Tive uma resposta algo abespinhada dum senhor Escudeiro C.A., referindo que o subsídio apenas tinha contemplado o bacalhau, mas que tinham levado de casa as batatas os rabos e as couves. Consta-se que no assalto laranja à alcaideria rosa da capital do reino de Valdecacos, desta vez não utilizam um cavaleiro, vai apenas um escudeiro! Será coincidência? Será que vamos ter os lobitos em próximos acampamentos á volta da fogueira, a bater palmas e a cantar “quero cheirar teu bacalhau Dom Milkes!! Quero cheirar teu bacalhau!” Ou será que o povo da capital do reino vai responder a cantar no dia das eleições “ O bacalhau quer alho!”
Errata: onde se lê “tinham levado de casa as batatas os rabos e as couves” deverá ler-se “as batatas as rabas e as couves”.
Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 01 de Setembro de 2009