segunda-feira, 25 de julho de 2011

CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE

Quem vem do Porto pelo IP4, depois de atravessar o reino encantado de Miguel Torga, quando nos aproxima-mos dos reinos de Alijó e da Porca, vemos alguns placards informativos na berma da estrada de cor castanha e tamanho grande com os seguintes dizeres: “ALTO DOURO VINHATEIRO.PATRIMÓNIO MUNDIAL”. Trata-se do reconhecimento por parte da UNESCO do património paisagístico que o homem com força de vontade e de braços vem construindo e preservando há centenas de anos, nos milhares de socalcos que fazem parte da mais antiga região vinícola demarcada do mundo, e cuja exploração em termos turísticos vai de vento em popa.
Pois nas entradas norte, sul, este e oeste do nosso reino, vão ser colocadas placas idênticas com a seguinte informação: “BAIXO VALDECACOS PEPEDEIRO, PATRIMÓNIO MUNDIAL DO CACIQUISMO”.
Há mais de vinte anos que não se via no reino de Valdecacos um cozinhado em “banho-maria”, como o que se viu na eleição para a comissão de pais do agrupamento escolar. O governo de Dom Xico Mirandum resolveu por motivos de estratégia política, dar o beneplácito à lista que apoia o irmão de Dom Caím Conde do Cutelo Melhor. Trata-se dum personagem com cartão laranja, é enteado do presidente das Cortes Dom Juanito de Lá Bisabuela, será uma correia de transmissão do poder, não fazendo grandes ondas e ao mesmo tempo retiram-no da corrida à sucessão de Dom Xico Mirandum, sonho antigo e sempre acalentado pelo próprio, mas que poderia vir lançar mais confusão num processo que se antevê complicado.
O presidente das Cortes Dom Juanito de La Bisabuela meteu ombros à tarefa, convocou os alcaides necessários para angariar e transportar pessoas, requisitou os serviços da irmã do irmão de Dom Caím Conde do Cutelo Melhor, responsável da área social do governo, para fazer umas ameaças ao subsidio-dependentes e aos do rendimento mínimo, e foi um espectáculo digno de se ver, primeiro nas imediações do centro cultural depois dentro da sala, como se de uma autêntica festa tauromáquica se tratasse, as xicoelinas, os passes de peito, os derechazos, as manoletinas e os cabrestos, conduziram os matarruanos, os chavorrêlhos, os bragançanos e os subsidiados às urnas, para votarem numa lista de pais que apoia para director um professor que perdeu as eleições entre os seu pares por quase 80% dos votos.
Como se tudo isso não bastasse houve gente a mais para o tamanho do recinto, houve empurrões, houve insultos, havia gente com bebidas alcoólicas e alguns já bem compostos, enfim foi uma sorte não se ter dado uma tragédia.
Não foram motivos de ordem científica, ou de ordem pedagógica, ou tendo em vista uma maior autonomia da escola, ou qualquer preocupação com o futuro dos alunos que motivaram estas movimentações. Tratou-se apenas de uma demonstração gratuita de poder pelo poder, dum partido que se enquistou e que se julga dono de tudo e de todos, que não tem nada a ver com o partido do Marquês de Vila Real Dom Passos Guedelho, cujas atitudes até à data demonstram abertura à sociedade civil e um corte com os dinossauros e com as politicas do passado. No reino de Valdecacos ainda vigora para mal de todos nós o partido do Visconde de Maricá Dom Espadarte Lima e do Marquês da cidade da Praia Dom Dias Matreiro.
Os responsáveis pelo encerramento do Hospital de Valdecacos, continuam a passear-se no meio de nós com a maior desfaçatez. Até quando vamos permitir que isso aconteça? Esta verdadeira tragédia que aconteceu no nosso reino, provavelmente a maior desde a revolução dos cravos, teve como consequência uma aproximação de posições entre o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, e o Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña. Esta situação tem provocado um certo alvoroço a alguns elementos da nomenclatura laranja e da “entourage” rosa, tendo em vista os posicionamentos para a próxima corrida eleitoral. Consta-se que um dos mais irritados com esta situação é o Marquês de Alfarelos, filho Del Rei Dom João VI. Aqui há dias ouviram-no comentar referindo-se aos dois personagens supra-citados que “só lhes falta passearem de mão dada”.

Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 08 Julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE

Acabei de assistir ao debate televisivo entre os candidatos laranja e rosa, o último entre os vários debates, que houve entre os candidatos dos principais partidos, que no próximo dia 5 de Junho concorrem às legislativas do condado Portucalense. Quando toda a gente esperava que Dom José Trócas-te, Visconde de Vilar de Maçada, com o traquejo que toda a gente lhe reconhece nestas andanças, dominasse por completo o confronto, o inexperiente em termos governativos Dom Passos Guedelho, Marquês de Vila Real, aguentou-se bem e em alguns momentos chegou a encostar o dirigente rosa às “tábuas”, situação nunca vista em anteriores debates e que poderá representar o arranque dos laranjas rumo à vitória e à mudança que tanto desejam.
Aqui no reino, embora ainda faltem cerca de dois anos para as eleições e a grande maioria dos cabeças de lista para o governo e para as alcaiderias tenha de ser mudada por imperativo da lei, caso contrário ficariam no poleiro até irem “guardar os patos ao gaiato”, com direito a exéquias fúnebres de primeira categoria, oficio incluído, e os estandartes da confraria a acompanhar o cortejo, já começam a ver-se movimentações no partido que dá acesso ao poder, onde a luta poderá ser encarniçada com várias potenciais candidaturas à cadeira há longos anos ocupada pelo Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum.
O Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor, numero dois do actual executivo, há já longo tempo que vem manifestando esse desejo, aproveitando-se do cargo que ocupa para ir arregimentando apoios em todas as alcaiderias do reino. Foi presidente da assembleia-geral da confraria, provavelmente pensando no apoio da instituição e do status que o cargo lhe daria para suceder ao barão de Ferreiros. Demitiu-se há dias quando viu tudo a arder na confraria por causa da situação do hospital. A demissão foi a meu ver tardia e não evitou que saísse chamuscado.
O Visconde da Arreigada Dom António Barbarrossa, deputado às cortes do reino parece ser outro dos candidatos oficiosos à sucessão do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum. Tem a marcada desvantagem de não ser natural do reino e de não reunir grandes simpatias no aparelho partidário. Tem a vantagem de ser genro do Marquês de Viladopelo Dom Tetantero, cujo poder e influencia não podem, nem devem ser desvalorizados. Consta-se que terá também o apoio do próprio Barão de Ferreiros, assunto que não pude confirmar, mas que poderá vir a ter uma importância decisiva. Estamos habituados a ouvi-lo tecer rasgadíssimos elogios à acção de Dom Xico Mirandum à frente do governo, sempre antecedidos por excelências e excelentíssimos como convém a um político com pretensões.
Tenho à minha frente uma cópia da acta nº1 de 2011 das cortes do reino que se realizaram em 25-02-2001, e não resisto em transcrever uma parte do discurso de Dom António Barbarrossa, “ O hospital de Valdecacos vai abrir ao público possivelmente até à Pascoa, esperamos todos que o hospital mantenha as várias especialidades, valências e naturalmente os postos de trabalho. Fazemos votos de que se mantenha o serviço de urgências permanente e durante as 24 horas do dia, e assim sendo não será necessário que o povo saia novamente á rua, não serão precisas mais manifestações, tudo voltará à normalidade. Valdecacos deixará de ser noticia e não abrirá nos próximos tempos os telejornais. Não posso deixar de salientar e de sublinhar o papel fundamental de excelentíssimo chefe do governo de Valdecacos em todo este processo, sem a sua intervenção estamos todos certos, o hospital não reabria portas, pelo menos não abriria as suas portas tão rapidamente”.
Como vemos o discurso tem todas as características para um político ter sucesso. Quando mais desfasado da realidade, melhor!
PS: Todos vimos um dos mais poderosos homens do mundo, o director do FMI Dominic Strauss-Khan, acabrunhado, algemado e humilhado a caminho do tribunal de Nova Iorque acusado dum crime de natureza sexual…
Na América a justiça é igual para todos. No condado Portucalense e no reino de Valdecacos é o que se sabe e o que se vê…
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 28 de Maio de 2011
Até Breve