Ora aí estamos nós, em mais um
Agosto do nosso contentamento. As ruas enchem-se de automóveis com matrículas
esquisitas, alguns deles verdadeiros topos de gama que nos deixam com a boca
aberta de espanto! De janela aberta, braço de fora e musica do Toni Carreira
com os decibéis quase no máximo, são os nossos emigrantes, a matar saudades da
família, do sol e das paisagens deste jardim à beira mar plantado, do qual o
nosso reino também faz parte, embora numa situação um bocado esquecida e
periférica, tão esquecida e tão periférica que a água do jardineiro-mor chega
cá em escassa quantidade e a pouca que chega é mal distribuída, uns bebem muito
e outros quase nada! Como se isto não bastasse ainda existem por aí uns ramais
clandestinos, que vão transformando esta parte do jardim longe do mar plantado
num autêntico sequeiro, as flores vão estiolando aos milhares, substituídas por
um mato seco e rasteiro, que qualquer faísca ou ponta de cigarro transformarão
num inferno dantesco para tudo terminar em escombros e em cinzas.
Cinzas, é o que estamos a ver em
Londres, capital do reino de Inglaterra, onde a violência e a barbárie saíram à
rua pelas mãos da juventude, que normalmente são as mais generosas de todas as
mãos! Tão generosas que no reino da Noruega quase oitenta jovens foram imolados
em nome de ideias que no mundo ocidental vão grassando e crescendo como a
levedura no pão.
Pelas televisões entram-nos
diariamente em casa cenas de violência, de fome, de desemprego, de náufragos, de
refugiados. Tal como mancha peçonhenta de óleo, a crise alastra pela Europa
fora. Agora já não são só os reinos de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, os
famosos PIGS, que lutam contra a crise, os reinos de Itália e de França já
tremem com a especulação dos mercados. Até a América, a maior economia do
mundo, deu sinais de fraqueza provocando um crash bolsista, alarmando ainda
mais os mercados. O presidente Dom Barraca Abana, homem em que todos
depositávamos grandes esperanças, tem-se visto mais grego que os gregos para
lidar com a situação. Cá dentro vão-nos limpar metade do subsídio de natal,
subiram os transportes e vai subir o IVA, puseram na rua os boys para entrarem
“especialistas”, venderam o BPN pelo preço de um jogador de futebol e a culpa
não é do Visconde de Vilar de Maçada Dom José Trócaste?
Como é possível haver tanta
desgraça no reino Portucalense na Europa no mundo e não há um jornaleco, uma
estação de TV ou de rádio ou alguém que lhe aponte o dedo? Estávamos tão
habituados a que isso acontecesse e ficávamos tão tranquilos quando ele arcava
com as culpas que às tantas todas estas maldades continuam a ter por detrás o
dedo do Dom José Trócaste!
Deixemos a Europa o mundo e o
Condado Portucalense, regressemos como os emigrantes ao reino de Valdecacos,
onde foi recentemente inaugurado um espaço de diversão nocturna, ao qual ainda
não tive oportunidade de ir, mas que me disseram estar decorado e apetrechado
com o que há de melhor, podendo vir a tornar-se num ponto de referência para
toda a região. Ao Marquês da Torralta Dom Teotónio Limões, empresário que se
meteu em mais esta aventura, os meus sinceros votos de êxito no empreendimento.
Estamos a menos de um mês das
festas da Nossa Sra. da Saúde. Já estou a imaginar a procissão, os andores, as
bandas, as autoridades civis e militares, o arcipreste, os acólitos, as
figuras, os anjinhos e o povo. Será agora muito mais difícil à Sra. da Saúde
fazer milagres estando o hospital fechado. Espero que os responsáveis pelo
encerramento, não tenham a desfaçatez e a pouca vergonha de, afivelando a
mascara de beatos, acompanharem a procissão da padroeira do hospital. Aos
responsáveis religiosos e da comissão de festas, deixo-vos a sugestão de na
procissão das velas, quando trouxerem a imagem da Nossa Sra. da Saúde para a
igreja matriz, façam um desvio e passem pelo largo do hospital. Quem sabe um
milagre não acontece?
PS: Houve no vizinho reino de
Mogadouro um evento publicitado em vários cartazes pendurados nos viadutos que
atravessam os itinerários principais, com os seguintes dizeres “REDBURROS FLY
IN”. Pois consta-se que estará a ser preparado um evento idêntico para o ano de
2013 no reino de Valdecacos, com o alto patrocínio do Marquês de Piscaneto Dom
José Generoso, e que se designará “ORANGEBURROS FLY OUT”.
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 12 de Agosto de 2011