Há pois vários tipos de cartões
laranja, mas nem todos levam a determinados lugares e alguns primam mesmo pela
exclusividade de se contarem pelos dedos, as pessoas que deles são titulares.
O cartão laranja-platina, o mais
exclusivo de todos dá entrada nas altas esferas do poder, não só no reino de
Valdecacos mas também em todo o Condado Portucalense, e mesmo na Europa e no
mundo. Dá acesso a ordenados fabulosos, gordas contas bancárias, mordomias de
toda a ordem, carros topo de gama com chofer, dá direito a tratamento por sua
excelência, etc, etc, etc.
São titulares destes cartões o
Barão do Lila Dom Furão Barroso, a Baronesa do Terreiro Dona Expropriação
Esteves e o Presidente da Fundação do Oriente Dom Staneloy Ho.
O cartão laranja-ouro, serviu
para alavancar a carreira de muito boa gente, que sem o dito cujo nunca teria
passado da cepa torta. Bons ordenados, reformas e mordomias nunca imaginadas
ficaram ao alcance dos titulares deste cartão, cuja importância todavia se
restringe às fronteiras do reino. É o cartão mais desejado pelos elementos da
nomenclatura laranja, e muitos mantiveram-se militantes ao longo dos anos, na
vã esperança de lhes tocar algum, mas poucos foram os escolhidos.
São titulares destes cartões o
Presidente das Cortes Dom Juanito de La Bisabuela, o Barão de Ferreiros Dom
Xico Mirandum, o Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros, o Visconde de
Valverde Dom Vitinho Córócócó, o Cobrador Mor do Reino Dom Gigio, o Marquês de
Calavinhos Dom Milkes Varredor, entre outros.
A grande maioria dos membros da
nomenclatura é titular dos cartões laranja-prata. Têm algumas mordomias de
forma escassa e espaçadas no tempo, são convidadas para alguns eventos mais
importantes e para defender o partido nas horas difíceis, têm direito a uma ou
outra merenda ocasional, sendo-lhes nessas ocasiões incutida a esperança
raramente concretizada de virem a obter o cartão laranja-ouro. São titulares do
cartão laranja-prata, o Visconde dos Cossacos Dom Pernache da Lousa, o Visconde
de Jales Dom Tides Mais Branco não Há, o Marquês de Fonte Mercê Dom Tonho, o
Barão de Vila do Pelo Dom Daniel sem Papel, a grande maioria dos alcaides, o
Visconde da Régua Dom Farinheira Medes, o Conde de Paradela Dom Sebentino
Melkes, o Visconde da Arreigada Dom António Barbarossa, o Conde de Argemil Dom
Gualteriano Peixeira, etc, etc, etc.
Vem a seguir o cartão
laranja-laranja, por muitos considerado o verdadeiro e puro cartão, cujos
titulares são o povo crente e anónimo que ao longo dos anos com o voto tem
sustentado esta classe politica e alguns que deram o litro, a saúde e até a
própria vida, a troco de coisa nenhuma, com sejam o Dom Quintanilha da Triste
Memória, o Duque de Argemil Dom Zé dos Diabos que chegou a ter assento nos
órgãos nacionais, o Duque de Montenegro Dom Júlio da Abadia, e o filho do
Visconde da Foz, Dom Julinho Pimentel.
Vem a seguir na ordem de
importância o cartão laranja-rosa, cujos titulares são aqueles que mudaram de
campo e de partido por motivos óbvios, como por exemplo, o irmão de Dom Caím
Conde do Cutelo Melhor, o escriva do boletim oficial do reino Dom Quixote de La
Silva e outra figuras menores.
No fim da escala está o cartão
laranja-ás-riscas, ou como diz o povo “cor de burro a fugir”, cujos titulares
são “personas não gratas” dentro do partido, mas que teimam em continuar apesar
da grande maioria dos militantes os quererem ver pelas costas. Entre outros são
titulares deste cartão o Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais, e o Visconde
de Alfarelos filho de El rei Dom João VI.
PS: O Barão de Ferreiros Dom Xico
Mirandum, numa das inúmeras entrevistas que tem dado ultimamente, eximindo-se
de qualquer responsabilidade na crise que atravessamos e fazendo um balanço da
sua longa passagem pelo poder, disse que augura um futuro brilhante para o
reino de Valdecacos.
Todos nós gostaríamos de
acreditar nisso, mas o problema é que o Dom Xico Mirandum é um personagem por
todos nós conhecido há demasiados anos, e todos nós sabemos que em termos de
ordem politica a verdade é “coisa que não lhe assiste”.
Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 20 de Abril de 2012