sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CRÓNICAS DO REINO IV SÉRIE


O Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros do alto das suas botifarras, empinando a barriga e deitando a cabeça para trás apontando o queixo ao céu, desce imperturbável e sem a imponência merecida pelo cargo, as escadarias da sede do governo do reino de Valdecacos, que passou a chefiar desde a partida antecipada do Barão de ferreiros Dom Xico Mirandum. Carrega um semblante algo triste e preocupado, pois o seu antecessor deixou o tesouro do reino quase na penúria, a pouco mais de meio ano de umas eleições em que é costume o governo encher as aldeias do reino de paletes e mais paletes de material, que na maioria dos casos é vendido ou trocado por garrafões de vinho ou de azeite, quando não fica a apodrecer pelas valetas.
O reino de Valdecacos, apesar de ter um novo chefe, que ao longo dos anos viveu na sombra de Dom Xico Minrandum e sempre disse que abandonaria o governo quando o Barão de Ferreiros se fosse embora, afinal enganou-se nas contas e enganou-nos com a conversa, pois vai continuar com uma grande motivação, nada dessas ideias mixurucas e corriqueiras de servir o povo e lutar pelos ideais da social-democracia, mas sim porque ao que parece lhe faltam dois anos para levar a reforma por inteiro.
O bizarro de tudo isto é que o reino de Valdecacos é neste momento governado por uma troika. Como se não bastasse a troika que aflige o Condado Portucalense e nos aflige a todos, a troika que governa o reino de Valdecacos, é constituída pelo Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros que se senta na cadeira, pelo Visconde de Valverde Dom Vitinho Corócócó que escreve os discursos e define as estratégias e pelo Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor, que ao microfone lê os discursos e faz a propaganda.
Ora se uma troika incómoda muita gente, duas troikas incomodam muita mais, é esta a sina do reino de Valdecacos, uma desgraça nunca vem só!
Os meses que se aproximam prometem ser pródigos em situações caricatas, depois dos vinte e sete anos de poder absoluto do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, temos um Visconde de Valverde Dom Vitinho Corócócó que pensa e dita, o Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros que finge que pensa e pensa que manda, e o Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor que fala, fala, fala, e não diz nada.
Pairando sobre a troika como um gavião sobre um bando de codornizes, deixando-se levar pelas correntes de ar que ora o levam para cima ora o puxam para baixo, o ainda presidente das cortes Dom Juanito de La Bisabuela, com bicada ali, bicada acolá, vai dando prova de vida, apesar da evidente dificuldade que tem em bater as asas.
Segundo li nos jornais o Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, assumiu a candidatura pelos rosas no reino de Valdecacos. Falou na esperança gorada de ver aparecer uma candidatura jovem vinda da sociedade civil e que até à data não se concretizou. Teremos então para já um candidato velho com ideias novas e um candidato novo com ideias velhas!! Vai ser interessante de se ver.
Ainda a procissão vai no adro! Fazem-se e desfazem-se listas do dia para a noite. Uns sobem lugares outros descem lugares alguns mudam de camisa. Ao que se consta o Visconde de Valverde Dom Vitinho Corócócó, depois de horas e horas a mudar de estratégia e a tentar explicá-la aos seus correligionários, teve de ser conduzido de urgência ao posto clinico para levar um soro, pois estava completamente desidratado. 

 

Ps: O povo por ele próprio quer sempre o bem, mas, por ele próprio nem sempre o conhece. “Jean Jacques Rousseau”

 

Até Breve
 
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 01 de Fevereiro de 2013