quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CRÓNICAS DO REINO SÉRIE IV


Lá se passaram as mais importantes festas do reino de Valdecacos, ou seja, as festas da Sr.ª da Saúde, que durante mais de 60 anos foram feitas e geridas pelo povo, característica essa que lhes conferia uma genuinidade impar, mas com o passar dos anos, por passividade, ingenuidade ou mesmo cumplicidade do próprio povo (ou pelo menos parte dele), foram completamente subvertidas e são agora dominadas pelo clero e pela nobreza, transformando-se numa mera manifestação de manipulação e poder.

No último dia de Agosto em plena semana das festas do reino de Valdecacos, numa atitude de completa subalternização ao vizinho reino de Mirandum, que tinha tido as suas festas como habitualmente no primeiro domingo de Agosto cheias de pompa e circunstancia, pois no dia 31 de Agosto a capital do reino de Mirandum teve lá a televisão do estado durante várias horas no programa “Verão total” com actuação de vários artistas sendo a cereja no cimo do bolo o famoso Dom Toni das Carreiras, a nós nesse mesmo dia mandaram-nos cá o filhito Dom Miguelito das Carreiras, para dar inicio ao programa que nos acompanha todo o ano e que é a “Pasmaceira Total”.

A procissão onde os sentimentos de recolhimento, fé, esperança e caridade estão cada vez mais ausentes, mais parece um desfile político-militar como os que havia do 1º de Outubro na praça vermelha em Moscovo no tempo do Brejnev.

Tive o cuidado de acompanhar a procissão e pude observar com estes que a terra há-de comer, o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum ser cumprimentado e retribuindo por pessoas colocadas ao longo do trajecto pelo menos umas 700 vezes, eles eram amigos, correligionários, subsidiados, compadres, favorecidos, desempregados e afins…

O presidente das Cortes Dom Juanito de La Bisabuela lançando olhares furtivos à esquerda e à direita e com a cara circunstancial que ele tão bem sabe fazer, iria provavelmente ruminando a ideia de que os tempos de destaque e de abundância estão a terminar…

O Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor provavelmente sonhando com futuras procissões em que ele será o mais cumprimentado…

O alcaide de Valdecacos e Marquês de Piscaneto Dom Zé Generoso, cogitando nas dificuldades que terá em estender uma vitória eleitoral a todo o reino, ultrapassando as fronteiras da capital…

Surpresa das surpresas a presença do Duque de Manteigas, Dom Joselito de La Estrela e Benfica. Ninguém me tira da cabeça que estará a preparar a candidatura à alcaideria de Valdecacos, provavelmente contando acima de tudo com o apoio dos benfiquistas pois os rosas estão na mó de baixo…

Se é certo que os andores não são mísseis, embora algumas beatas discutam entre si a potencia o alcance e o custo de cada um dos santos, dizei-me lá se isto não parece um desfile político-militar!!

O presidente do Condado Portucalense, esteve no reino de Valdecacos a inaugurar as novas instalações do agrupamento escolar. Excelentes instalações diga-se de passagem, decididas, financiadas e quase totalmente executadas durante o governo do Visconde de Vilar de Maçada Dom Zé Trócaste. Não sei se alguém nos discursos e na assistência teve uma palavra de agradecimento ou sequer se lembrou dele, julgo que não, como vedes a vida tem destas coisas difíceis de explicar e de entender. Um cartaz empenhado por dois corajosos velhotes, alertava o Barão de Boliqueime Dom Regressado Silva, que não é só de rotundas, centro escolar, e monumentos que se faz uma cidade. Para a grande maioria dos habitantes do reino, idosos e com pouca mobilidade o encerramento do hospital foi a mãe de todas a tragédias.

Se o povo do Condado Portucalense treme com a chegada dos elementos da Troika, que obriga o nosso governo a fazer-nos todas estas maldades, nós no reino de Valdecacos temos a Troika da Confraria, ou seja, o Marquês de Alfarelos, filho Del Rei Dom João VI, o Marquês de Viagreta Dom Geninho Três Ais e o Conde de La Bodega Dom Gualter de Los Jamones, cujo poder pelos vistos ultrapassa o do governo de Dom Xico Mirandum, das cortes de Dom Juanito de La Bisabuela, dos médicos liderados pelo Marquês do Pereiro Dom Alfonso de La Niña, dos enfermeiros, dos técnicos, dos trabalhadores, etc etc etc.

Se uma Troika incomoda muita gente, duas Troikas incomodam muito mais. Desgraçado povo do reino de Valdecacos que tanto tens penado e ainda terás que penar.



Até Breve

Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 16 de Setembro de 2011

8 comentários:

Anónimo disse...

Dou-lhe um exemplo desta segunda Troika. Ontem ao frio, estava um utente do Lar de S. José, com um comando na mão a abrir e a fechar o portão (aquele que foi derrubado pelo povo aquando do fecho do Hospital) às viaturas que entravam e saiam do Lar. No ar, andava o Farelos de avioneta, possivelmente a ver se o utente estava a trabalhar bem. Se perguntarem ao três ais, ele vai dizer que o utente foi para o frio, para fazer atividades com o comando. Estes da Troika da confraria, quando não chegam às uvas, dizem que elas estão verdes!...

Anónimo disse...

Só existe uma palavra para qualificar a gestão destes três personagens troikanos e mais o chico esperto, Cardoso da Betoneira/Grua à frente da Santa Casa de Valpaços - NOJO -.

Anónimo disse...

É verdade, também já vi esse utente junto ao portão da confraria, com o tal comando na mão, estava a chover e não estava com uma cara muito feliz. Ao que parece, em
Carrazedo, também tem sido visto um outro utente, a praticar atividades num terreno da confraria. É só tirar fotografias e enviar para a secção das atividades da Segurança Social e da União das Misericórdias Portuguesas. Esta Troika, dá cada nome á afã. É caso para dizer esta Troika, Troika tudo.

Anónimo disse...

À dias numa rápida conversa com um ilustre Valpacense (por quem nutro alta consideração), este dizia-me acerca da Mesa Administrativa da Santa Casa, em relação ao Hospital de Valpaços, que os Valpacenses estão a ter o que - merecem -. Concordo, mas devo acrescentar que nós os dois, mais meia dúzia, não estamos, de certeza nesse galho. Dia 11 de Novembro, temos mais uma Assembleia da SCMV. Entretanto esta semana começaram as terraplanagens para a construção de mais um Lar. A coincidência, não é senão um "truque", para o Provedor Eugénio Morais, ir chorar para a Assembleia, pedindo a todos os irmãos mais três anos de reinado. Nós que não somos cegos, surdos, mudos e tão pouco acreditamos em lágrimas de crocodilo, esperamos que ele voe (mas baixinho), para outros reinos e que nunca lhe saiam da consciência, todo um rol de problemas de que foi inventor e que tanta gente prejudicou.

Anónimo disse...

Para que ninguém «nunca» se esqueça, aqui ficam os nomes dos "culpados e responsáveis" do encerramento do Hospital do Povo de Valpaços: Eugénio José Morais; António Telmo Teixeira Moreira; Luis de Freitas Sousa; António Cardoso dos Santos; António Sernache de Sousa; Gualter dos Presuntos e os acólitos Boby (Golias) e o Tareco (Melenas).

Anónimo disse...

Em todos estes anos que levo de vida, nunca vi nada como o sistema "politico" da Santa Casa de Valpaços. Nunca até hoje percebi se era uma Monarquia ou uma Ditadura. De uma coisa tenho a certeza: é "governado" com ideias caducas e ultrapassadas, sempre a roçar o ridículo. A figura à frente da instituição leva 37 de má gestão e prepara-se na calada, para mais 3. Está na hora de uma Troika, isenta e capaz aos elementos da Mesa Administrativa e à Santa Casa de Valpaços, nomeadamente a todo o processo que envolve o Hospital de Valpaços. Do Provedor, espera-se que este Natal os euros que costuma gastar da Santa Casa em prendas, que os canalize para comprar patins, para ele e toda a sua "tribo".

valpacense disse...

Desculpe mas os Valpacenses tem o que merecem sim e ainda lhes vai acontecer bem pior, esperem para ver.

Já diziam os antigos, a terra é mãe para os de fora e madrasta para os filhos da terra.

Aqui tudo se passa sem que ninguém conteste nada. Vemos nas outra terras no telejornal o povo unido a manifestar-se e a reivindicar os seus direitos e por vezes sobre situações da sua terra, mostrando bairrismo. Cá em Valpaços está tudo a morrer, a terra cheia de velhos e reformados, os novos que ficam estão comprados e vivem do sistema, a maioria, filhos, sobrinhos e primos e massa cinzenta nem vê-la ou a que há está cansada e gasta.

No caso do Hospital realmente os pobres dos funcionarios lá se organizaram e a par disso o povo juntou-se-lhes e fizeram-se algumas manifestações.

Resultados?

Mas em alguma terra, um hospital construído pelo povo, com o dinheiro dos nossos ente queridos, seria fechado por uma cambada de papantes e azilantes sem vergonha na cara?

Sabem de quem é a culpa? Do Chico Tavares que lhes deu de comer durante estes anos todos.

E quem alimenta o Chico Tavares com votos?

Os Valpacenses, então, a culpa é destes desgraçados, deste povo iludido, adormecido e amordaçado...

Quando acordarem será tarde, nada restará...

PS: triste o estado do poder e mais triste o estado da oposição valpacense, sem a garra e a luta dos velhos tempos. uma pena!

Anónimo disse...

as pessoas que ocuparam o poder em Valpaços a seguir ao 25 de abril eram e são todos sem exceção filhos da arraia miúda! os avós e os pais andavam a pé ou quando muito de carroça.veem-se agora com um carro e uma caneta nas mãos,possuem boas contas bancàrias,mas não tomaram chà am pequenos e o resultado é este.