De modo que, seguindo os
conselhos do chefe do governo do condado Portucalense Dom Passos Guedelho, há
que preparar o salto e emigrar, coisa a que os habitantes do reino de
Valdecacos já estão mais que habituados, pois infelizmente a crise na nossa
terra não começou em 2008, mas já vem de longa data, provocada por politicas
erradas de desenvolvimento, em que se privilegiaram as obras de fachada, o
caciquismo eleitoral, o fogo de artificio, em beneficio dum partido que nos
governa há mais de trinta anos, e que levou à debandada da maioria da
população, que não enche a barriga de passeios com pedrinhas e lancis de
granito, nem de quatros pavilhões multidesuso, nem de cinco ou seis pavilhões
gimnodesportivos, nem de trinta ou quarenta campos de futebol onde já nem as
ovelhas vão por causa da seca, nem de meia dúzia de monumentos de gosto
duvidoso, nem de inúmeras estradecas alternativas para aldeias despovoadas e
que já tinham acesso condigno, nem de prédios cheios de habitações vazias, nem
de centenas de lojas encerradas, nem de comércios falidos, nem de piscinas
fechadas, nem de bibliotecas inauguradas para “inglês ver”, nem de feiras que
deviam promover produtos e apenas promovem políticos, com um modelo
completamente esgotado que não serviram para nada em termos de desenvolvimento
agroindustrial, etc, etc, etc…
Este é um reino sem futuro para
os jovens, ou quando muito terá futuro para meia dúzia com cartão laranja. Os
únicos que vão sobrevivendo são os subsidiados (os que necessitam e os
profissionais do subsidio, sendo esta segunda categoria muito mais numerosa) e
os velhos, ou idosos como agora se diz, que são a larga maioria do povo, já sem
forças para emigrar depois de uma vida difícil comendo o pão que o diabo
amassou, vão vegetando no dia-a-dia amparados pela pensão da segurança social,
que o governo local complementa com os “afectos” em troca do voto quadrienal.
Quando cheguei do reino do
Luxemburgo havia uma notícia em todos os media do condado Portucalense
referindo a nomeação pelo Vaticano de um novo Cardeal, sendo a primeira vez
numa história de quase mil anos que o condado Portucalense tem três Cardeais.
Esqueceram-se do reino de Valdecacos e do nosso Cardeal Mazzarino, que é de
longe o decano dos Cardeais, pois há mais de trinta anos exerce, manipula,
influencia, conspira e intriga junto do poder. A nova eleição para a comissão
de pais, que teve de ser repetida por ordem do tribunal, foi novamente
engendrada pelo Cardeal Mazzarino, que pôs toda a maquina eleitoral laranja ao
serviço do protegido, embora de uma maneira mais discreta, viram-se ao longo da
tarde eleitoral alguns alcaides a transportar pais e encarregados de educação,
prontos a votar às ordens do Cardeal Mazzarino, mas pouco dispostos a apoiar a
escola ou os educandos no que a esta diz respeito. Os professores de outros
reinos que vieram supervisionar o acto eleitoral, ficaram impressionadíssimos
com a mobilização e com o interesse dos pais e encarregados de educação,
afirmando que nunca tinham assistido a nada de semelhante! Pois com toda esta
mobilização e entusiasmo e com a previsível nomeação do novo director que será
o mesmo de antigamente, de certeza que iremos ter a nossa escola classificada
entre as dez primeiras do ranking nacional como aliás sempre tem acontecido…
O Cardeal Mazzarino orgulha-se de
nunca ter perdido uma eleição em que se tivesse envolvido ou uma jogada
política em que tivesse participado.
Hoje, estou convencido que a
tentativa de por o Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum à frente da Confraria,
falhou porque o Cardeal Mazzarino não foi o protagonista da história, e como
tal não só não se empenhou, como minou algumas pedras base como tão bem ele
sabe fazer!
PS: Jules Mazarin, nascido Giulio
Raimondo Mazzarino e conhecido como Cardeal Mazzarino, nasceu em Pescina no
reino de Nápoles no dia 14-07-1602 e morreu em Vincennes, França a 09-03-1661.
Foi ordenado Cardeal em 1641 sem nunca ter sido ordenado Padre. Foi nomeado
sucessor do Cardeal Richelieu e após a morte de Luis XIII tornou-se 1º Ministro
de França.
Hábil, refinado e astuto,
desligando-se do Vaticano tornou-se em pouco tempo senhor absoluto da França.
Deixou vários escritos políticos, dos quais retiro a seguinte frase “ dissimulador é aquele que ora censura ora
recomenda uma mesma atitude, conforme lhe vem ou cai melhor”.
Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 16 de Março de 2012
2 comentários:
A história julgará mais tarde ou mais cêdo o grande responsàvel pelo descalabro a que chegou a nossa terra.
É verdade que esta é uma terra sem futuro.É verdade que o povo se deixou corromper.É verdado que o POLVO tem enormes tentáculos que chegam a praticamente todo o lado.É verdade que os subsídios e os favores obtidos frudulentamente qeimam no bolso de quase todos os vapacenses,poucos escapam.Esta situação só tem paralelo com Sodoma e Gomorra.É só esperar pelo castigo de DEUS
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