terça-feira, 29 de abril de 2008

O REINO DE VALDECACOS

No condado Portucalense, onde em final de temporada os assuntos futebolísticos dominam completamente a agenda mediática, apenas o segundo lugar do campeonato da liga é ainda alvo de disputa cerrada, com benfiquistas, vimaranenses, setubalenses e sportinguistas a darem tudo por tudo para alcançarem um lugar que de acesso à milionária liga dos campeões europeus. Após uma época para esquecer dos “Lampiões”, já vão no terceiro treinador e só raras vezes apresentam um fio de jogo que não envergonha, apesar de ser o clube com mais adeptos e capaz de mobilizar multidões, continua a desiludir muita gente, que para ir mantendo acesa a chama do lampião tem de recorrer às memórias de épocas passadas, dos Eusébios, Colunas, Águas e Simões, que passearam a sua classe pelo reino de Portugal e pelos reinos da Europa. Já os “Lagartos”, que de há dois anos para cá vêm perdendo jogos, taças e campeonatos “com tranquilidade”, habituados a sofrer, durante longos anos arredados da vitória no campeonato, suspiram também pela ainda mais longínqua época dos cinco violinos, onde o Travassos, o Peyroteo o Jesus Correia e outros levaram magia aos relvados de toda a Europa, transformando a arena do velho estádio José de Alvalade, num local temível para os adversários e de jubilo e alegrias para os adeptos.
Completamente dominadores, campeões a cinco jornadas do fim, os “Dragões”, fizeram um campeonato à parte, demonstrando no campo e fora dele que é uma equipe bem treinada e bem dirigida, apesar dos problemas que este ano afectaram o seu presidente Dom Bimbo da Costa, Visconde de Cedofeita. Desde o tão badalado “Apito Dourado”, a problemas de ordem sentimental e conjugal que vieram para a praça publica, alimentando a curiosidade de milhares, sempre dispostos a gastar algum em jornais revistas ou livros, para se deleitarem com aspectos macabros, sórdidos, insólitos ou menos correctos, de qualquer figura pública seja ela qual for…
Dirigindo o FCP com grande mestria, há mais de vinte anos, o Visconte de Cedofeita Dom Bimbo da Costa, conseguiu a vitória em dezasseis campeonatos nacionais, duas taças do campeões europeus, duas taças intercontinentais, uma taça UEFA, uma super taça europeia, inúmeras taças de Portugal e vários outros troféus. Liderou e lidera uma certa contestação ao centralismo lisboeta, lutando por um Norte mais desenvolvido, onde possam existir empresas fortes e liderantes que esbatam as assimetrias em termos de desenvolvimento, que as aplicações dos fundos estruturais da União europeia têm provocado. Embora muitas vezes discordemos da maneira como o discurso é feito, no fundo o que ele quer dizer é: se o Futebol Clube do Porto é dominador, contra tudo e contra todos e é do norte, estamos à espera de quê?
O Visconde de Cedofeita Dom Bimbo da Costa, mais o Boby e o Tareco estão de parabéns. O mesmo não posso dizer do Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum e dos Bobys e dos Tarecos que o têm acompanhado, nos últimos vinte e tal anos. Nem campeonatos do desenvolvimento nem taças contra a desertificação nem troféus universitários, nunca ganhamos nada.



Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 15 Abril de 2008

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