terça-feira, 28 de abril de 2009

O REINO DE VALDECACOS

Vejo-as praticamente todos os dias da semana, excepto aos sábados e domingos. Aqui na capital do reino serão uma dúzia de valquírias, talvez mais, talvez menos, que ao princípio da manhã e da tarde se juntam no passeio de fronte das instalações onde frequentam os chamados cursos da C.E.E.
A designação da União Europeia já há muito que mudou, mas os cursos que desde há mais de vinte e cinco anos têm sido ministrados nalgumas localidades do reino, continuam a ser os cursos da C.E.E. Fizeram-se cursos para tudo ao longo destes anos, e na grande maioria das vezes completamente desinseridos da realidade sociocultural e económica do reino de Valdecacos.
Já alguém fez um balanço ao dinheiro que tem sido (mal) gasto com esta pseudo formação? Já alguém fez contas à taxa de inserção dos formandos no mercado de trabalho? Já alguém contabilizou as microempresas, criadas por formandos com conhecimentos adquiridos nesses cursos? Já alguém se debruçou sobre quem anda a lucrar com isto? Já alguém contabilizou num reino desertificado como o nosso, o que significa retirar vinte ou trinta pessoas do mercado de trabalho? Já alguém reparou que andam por aí algumas que são autênticas papa-cursos? Que estão em todos!! Que devem ser as alunas com maior taxa de formação de toda a União Europeia?! E para quê?
O Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, com os conhecimentos experiência adquiridos nos últimos vinte e cinco anos, prepara calmamente o último acto eleitoral, em que será candidato ao governo do reino de Valdecacos. Não se me afigura que vá haver grandes mudanças no elenco do governo e nas alcaiderias do reino. A excepção é como não poderia deixar de ser a alcaideria da capital, onde é sempre difícil encontrar alguém que se queira sacrificar, numa luta eleitoral complicada perante um eleitorado mais esclarecido. É evidente que a troco de promessas e algumas pressões sempre aparecerá um candidato, mas a história tem revelado que ir atrás da popularidade fácil não é o melhor caminho, muito menos ir buscar candidatos a áreas políticas que nada têm a ver com o poder laranja que nos governa desde a revolução de Abril.
Estou-me a lembrar das eleições ganhas pelo ex-alcaide Dom Lapalino Del Sardon contra o Visconde da Girândola Dom Luís Marujo e contra o Visconde de Valverde Dom Lelo Carolo. O mesmo se passou nas eleições ganhas pelo Marquês de Piscaneto Dom Zé Generoso quando derrotou o irmão de Dom Caim Conde do Cutelo Melhor, e também o Visconde do Caneco Dom Desventurado Zé. Vamos ver desta vez qual é o coelho que o mágico vai tirar da cartola!
A famosa lei das quotas aprovada nas cortes do condado Portucalense, procura trazer mulheres à política, situação com a qual estou completamente de acordo, embora e infelizmente, no nosso reino o poder macho continue a ser completamente dominante. Talvez por isso a inovadora candidatura protagonizada há quatro anos pela Marquesa da Fradizela Dona Suprema Bonçalo, tenho sido algo penalizada.
Se em relação aos cursos da C.E.E falei em valquírias, agora por causa das quotas e da “entourage” feminina que rodeia o chefe do governo Dom Xico Mirandum, vou referir-me às balzaquianas. A Marquesa de Campo D’égua Dona Carmensita Tramas deverá subir na hierarquia do governo, indo ocupar provavelmente o terceiro posto logo a seguir ao Visconde de Celeirós Dom Toninho Castanheiros. Quem tem sido nomeada para vários cargos na sociedade civil por indicação de Dom Xico Mirandum é a Viscondessa de Fornos, Dona São Descalça. Nos últimos tempos sempre que é preciso indicar um nome para dar a cara por qualquer organismo ou evento, Dom Xico Mirandum sentencia: - a Dona São Descalça! Dizem o “mentideros” locais, que com todo este apoio é caso para se dizer que a Viscondessa de Fornos Dona São Descalça está bem calçada.


Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 14 de Abril de 2009

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