domingo, 31 de maio de 2009

O REINO DE VALDECACOS

Alguém ainda se lembra do restaurante “O Pomar” e do complexo em que estava integrado com piscina, court de ténis, etc.? Ainda se lembram do chefe Pimenta que trouxe inovação e qualidade à cozinha do reino de Valdecacos, do seu famoso cabritinho assado, do suculento bife à Pomar servido na tábua, dos tenros tornedós de vitela? Ainda se lembram da quantidade de pessoas que durante a semana, mas principalmente aos sábados e domingos, vinham de fora, dos reinos vizinhos, mas também do litoral comer aqui? O que é que aconteceu? Porque é que o Pomar continua fechado e a degradar-se? Quem é que empurrou o chefe Pimenta para o reino da Porca? Porque é que ele saiu de cá? Prometeram-lhe alguma coisa? Ou não? E se prometeram cumpriram?
Lembram-se do restaurante do “Hotel”? Quanto tempo funcionou? Era um sítio simpático, com um certo requinte, comida saborosa, cozinha regional, pratos típicos. Um completo desastre financeiro e familiar para quem o explorou! Está fechado e recomenda-se!
Lembram-se do restaurante “Toronto”? Familiar, boa amesendação, cozinha portuguesa e internacional, ou não fossem os donos emigrantes ligados à restauração. Não conseguiu angariar fama além fronteiras, mas ia dando conta do recado a nível local. Vá-se lá saber porque mala-pata, fechou e recomenda-se!
E o “Central”? Que além de café também foi restaurante, salão de jogos e jogatina, de pregos no pão e pasteis ao domingo. Está fechado e não se recomenda, por causa de uma história explosiva que misturava meninas com roupa a menos e álcool a mais, noitadas, barulho e residência paroquial.
Lembram-se da discoteca “EN 213”? Quantos de nós na nossa juventude lá pularam até de madrugada ao som dos Led Zepplin? Está fechada e recomenda-se!
Lembram-se da discoteca “Guedes”? Que abriu cheia de inovações e modernices, com dois bares e grande capacidade. Aos fins-de-semana vinha gente de reinos vizinhos para se divertirem no reino de Valdecacos, o estacionamento nas imediações tornava-se complicado. Agora abre apenas duas ou três vezes por ano, para arejar e sem grande sucesso.
Lembram-se da “Garagem Valpacense”? Do Visconde de Godim Dom António Tinteiro, oriundo do reino da Régua, casou com uma das filhas de Dom Gregório de Valdecacos, domo da melhor hospedaria do reino. Fiat, Renault, Austin, Morris, Citroen, Volvo, tudo lá tinha assistência. Está fechada e transformada num depósito de gás!!
Lembram-se da garagem “213” um pouco mais abaixo na saída para o reino de Mirandum? Dois jovens irmãos da terra do Visconde de Valverde Dom Vitinho Córócoco, investiram dinheiro ganho com sacrifício no reino de França. Está fechada e vende-se. Eles tiveram que ir embora novamente para governarem a vida ao contrário do conterrâneo.
Lembram-se da garagem do Barão do Largo da Freiras Dom Tó Rural? Eram médicos, engenheiros, presidentes da junta e outros, bombeiros, camaristas, tudo lá era cliente! Está fechada vende-se ou aluga-se.
Aqui há dias, alguém me contou que os detentores dos cem melhores ordenados ou vencimentos do reino de Valdecacos, sejam eles do tribunal, da câmara, finanças, centro de saúde, escolas primárias e secundárias, hospital, bancos etc, estão aqui das nove às cinco nos dias da semana, desaparecendo à sexta, para regressarem à segunda com má cara. Ainda se admiram que tudo feche?


Até Breve
Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 12 de Maio de 2009

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