sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O REINO DE VALDECACOS

2010. Ano novo, nova década, o terceiro milénio a correr em pleno, rumo a um futuro pouco previsível mas que todos desejamos melhor. Apesar do tempo frio e chuvoso não faltaram comemorações de fim de ano por todo o Condado Portucalense, do Minho ao Algarve, o povo festejou como pode, o champanhe correu a rodos, bateram-se recordes do Guiness tanto no reino da Madeira com o fogo-de-artifício, como no reino de Albufeira com um mega brinde colectivo.
O reino de Valdecacos também tem razões para festejar, acaba de entrar nesta nova década com entusiasmo redobrado, e ao contrário do que eu muitas vezes tenho afirmado acerca da passividade, conformismo e pouca visão estratégica dos inúmeros governos de Dom Xico Mirandum, as coisas parecem agora estar a correr de maneira completamente diferente, razão pela qual me penitencio pelo descrédito tantas vezes demonstrado nos meus escritos.
Quando acerca de quinze ou dezasseis anos já o Barão de Ferreiros a pleno vapor, iniciava o segundo ou terceiro mandato, escrevi acerca da importância do ensino universitário para o reino de Valdecacos, e se é verdade que até há um ou dois anos isso ainda não tinha acontecido, apesar de várias e amplamente divulgadas promessas, o que é certo é que de um momento para o outro já temos duas universidades mais a promessa duma terceira. Ora em abono da verdade, tenho de reconhecer que tudo isto se deve ao extraordinário esforço do governo de Valdecacos, que não se poupou a efectuar diligências de toda a natureza, seja de apoios financeiros, de instalações, de residências apoiadas para a população estudantil, seja na aquisição de equipamentos para laboratórios, ginásios etc…etc…etc.
O Barão de Ferreiros Dom Xico Mirandum, no poder desde os anos oitenta do século passado, com o saber e experiencia acumulados ao longo dos anos, foi construindo uma teia de influências locais, regionais, nacionais e porque não dize-lo internacionais (a amizade e proximidade com Dom Furão Barroso, Barão do Lila), que lhe permitiram jogar os trunfos na altura certa, e tiveram como resultado que num ápice o reino de Valdecacos, passa-se duma situação de inexistência de ensino superior, para uma situação de quase três universidades, o que convenhamos é obra, e não tem paralelo com os reinos vizinhos com os quais competimos diariamente.
Que importa que nas aldeias e vilas fechem escolas primarias e secundárias se em contrapartida abrem universidades?
Estou plenamente convencido que a oposição rosa no reino de Valdecacos, que passa a vida a clamar contra a falta de crianças nas escolas (esquecendo que elas só votam a partir dos 18 anos), liderada pela Marquesa da Fradizela Dona Suprema Bonçalo, teria tido mais sorte nas urnas, se em vez de concordar com o fecho de escolas desertas, tivesse também optado pelo apoio ao ensino universitário.
Acho mesmo que foi um golpe de mestre do Barão de Ferreiros, sabendo que a sua opositora Dona Suprema Bonçalo tinha sido nomeada para um alto cargo na Direcção Regional da Educação do Norte pelo governo do Condado Portucalense, o que lhe confere poder sobre escolas básicas e secundárias, toca a fechar as ditas e a criar universidades que ela aí não manda nada! Ora toma!!
Se as duas universidades existentes parecem vocacionadas para as artes marciais, a nova a instalar brevemente, irá ao que se consta tomar um pendor mais clássico, especializando-se em luta greco-romana. Será que com os rasgados elogios ao presidente do governo de Valdecacos, o professor Faísca se andará a bater por alguma reitoria?
Outra das extraordinárias medidas implementadas pelo VII governo de dom Xico Mirandum, que em termos de ministros é igual ao VI, ou seja os ministros já são todos experientes e calejados, e talvez por isso vendo o estado calamitoso em que se encontrava a agricultura do reino, com vinhas, olivais e soutos a mirrarem por falta de água, com poços e regatos completamente ressequidos há mais de 10 anos, votaram em unanimidade com a oposição numa das ultimas reuniões do ano findo, que chovesse a cântaros e assim aconteceu na realidade para gáudio de milhares de agricultores. Esta foi talvez a resolução mais importante votada por Dom Xico e pelo seu governo nas ultimas décadas, e daqui lhe tiro o meu chapéu.



PS: Foi votada favoravelmente pelo Barão de Ferreiros dom Xico Mirandum, pelo Marquês de Celeirós Dom Toninho Castanheiros, pela Marquesa de Campo D’égua Dona Carmencita Tramas, pelo Visconde de Valverde Dom Vitinho Córócócó, e embora contrariado pelo Marquês de Calavinhos Dom Milkes Varredor, uma resolução que aumenta de 3 para 4 o número de elementos do governo com remuneração, ordenado, pilim, money, graveto! A oposição votou contra argumentando que “jobs for the boys” é marca registada.


Até Publicado no jornal "Tribuna Valpacense" em 15 de Janeiro de 2010

2 comentários:

Amilcar disse...

Caro Chaparuto, brinde e continue a brindar-nos com estas maravilhosas crónicas, pois nem de mentiras nem de calúnias são elas feitas. Só tem a temer quem tem telhados de vidro ou o rabo preso (como alguns que sabemos bem quem são).Essa dos "chapeus há muitos...) FANTÁSTICA!!!!

Anónimo disse...

Universidades???? Onde?? Quais são os cursos??? Nem tão pouco chegam aos calcanhares de uma escola profissional. Jean Piaget????!!!! e a UTAD e o Politécnico de Bragança?? Isso sim...
Srº Chaparuto continue "Contra ventos e Marés"!